DESTINOS
Por caminhos bem temperados descobrimos pedaços de história a cada passoEste mês descubra…
As Aldeias de Montanha
Calce as botas, prepare a mochila e ponha-se a caminho. A Serra da Estrela é um dos locais perfeitos para se apreciar a natureza e a Associação de Desenvolvimento Integrado da Rede das Aldeias de Montanha tratou de revitalizar 15 rotas que permitirão descobrir todo um património natural, material e imaterial. Claro que a passagem pelas aldeias de montanha é obrigatória.
Existem rotas para todos os gostos: fáceis ou difíceis; mais ou menos extensas; possíveis de realizar em diversas alturas do ano. Rota da Ribeira do Piódão, Rota da Ribeira de Loriga, Rota dos Socalcos, Rota da Eira, Rota da Garganta de Loriga, Rota da Missa, Rota das Canadas, Rota do Volfrâmio, Rota das Minas do Círio, Rota da Caniça, Rota do Vale do Rossim, Rota da Fervença, Rota da Ribeira de Alvoco, Rota do Pastoreio, Grande Rota da Estrela. Estão todos marcados ao longo de quilómetros de serra e ar puro. Aproveite para visitar as aldeias de Sabugueiro, Póvoa Velha, Sazes da Beira,Teixeira, Loriga, Lapa dos Dinheiros, Cabeça, Alvoco da Serra, Vide e Valezim.
Não vai acreditar nos seus olhos quando se deparar com algumas das paisagens, com as praias fluviais, quedas de água ou simplesmente com o horizonte longínquo. São caminhos cheios de emoção, de boa comida, de tradições e festas únicas que não vai querer perder. Sim, porque para além do contacto com a natureza, estas aldeias oferecem eventos originais distribuídos ao longo do tempo e que captam as vivências e o calor de um povo que o irá receber de braços abertos.
Vai sentir-se nas nuvens!
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Pedro Ribeiro
Rota da Ribeira do Piódão
Vide é a sede de uma freguesia composta por inúmeras aldeias e lugares espalhadas por uma grande extensão de território e caracterizada pela antiga presença humana datada dos períodos Neolítico e Calcolítico (existem muitas gravuras rupestres que poderá ver). Situa-se junto à Ribeira de Alvoco, num enorme vale rodeado por altas montanhas. O xisto é abundante por aqui, como se poderá ver mais adiante. Em Vide destaca-se a maciça ponte em granito que permite a passagem a pessoas e animais entre as duas margens.
Apesar de começarmos numa aldeia junto à Ribeira do Alvoco, vamos acompanhar, durante todo o trajecto, o caudal da Ribeira do Piódão que dá nome ao percurso circular. Vamos começar e terminar a caminhada junto à Igreja Matriz de Vide, a Igreja de N. Srª da Assunção. Siga as indicações e saia da aldeia junto às margens da ribeira, com os seus moinhos de água e férteis campos agrícolas na envolvente. Os pinhais e giestas também são abundantes por estas paragens.
O caminho é fácil, com poucas inclinações e que permitirão desfrutar, tranquilamente, da paisagem. Aproveite para visitar as aldeias de Rodeado e Coucedeira. Estas mantêm o traço típico das aldeias serranas, com casas feitas de xisto. Depois é só regressar novamente ao largo da Igreja Matriz e guardar esta experiência única na memória.
Informações úteis
Época Recomendada: todo o ano Início do Percurso: Vide Fim do Percurso: VideDistância: 5,51 km
Dificuldade: Fácil
Duração Aproximada: 2h Folheto Percurso Pedestre: aqui
Pedro Ribeiro
Rota da Ribeira de Loriga
Loriga é uma aldeia que perdurou durante séculos em pleno Parque Natural da Serra da Estrela, situada entre as ribeiras da Nave e de São Bento. A ponte e a calçada são provas da ocupação romana e até o seu nome tem génese no vestuário medieval. Tal como na Lapa dos Dinheiros esta localidade é mais conhecida pela sua praia fluvial e, tal como todas as outras aldeias serranas, possui ruas estreitas e casario feito, principalmente, de granito. Pode ser difícil de imaginar, mas em meados do século XIX, existiam mais de 30 unidades fabris ligadas à indústria dos lanifícios, alimentadas pela água abundante que aqui existe. Loriga caracteriza-se, actualmente, pelas suas cinco capelas, pelos cruzeiros e pelos fontanários.
Durante o Inverno, a aldeia cobre-se com um manto branco que envolve as encostas e os picos das serras. No entanto, no Verão, o verde toma lugar de destaque e a vida selvagem, abundante por estas paragens, dá-se a conhecer. Os campos agrícolas em redor, distribuídos em socalcos, são irrigados pela água glaciar que brota de açudes e nascentes.
Após sair de Loriga, uma das primeiras coisas que poderá observar são os fenómenos geológicos conhecidos por Marmitas de Gigante, cavidades que a erosão esculpiu nas rochas da montanha. A seguir, perto do lugar de Sarapitel, irá encontrar o primeiro Poço de Broca, canais feitos pelo homem que serviram para drenar os campos e que resultaram em espectaculares quedas de água.
A paisagem é preenchida por bosques, mato rasteiro e campos agrícolas ordenados em socalcos. Exactamente por isso, junto à aldeia de Cabeça, este trajecto cruza-se com a Rota dos Socalcos.
Seguimos o percurso da Ribeira de Loriga, mas também, o das levadas. Esta zona é rica em água e esta é canalizada, através da montanha, para os campos por meio de um canal. Preste particular atenção se não lidar bem com alturas. O caminho pode ser perigoso. Em Casal do Rei, estará perto da reserva botânica, uma paisagem que vale bem a pena ver. O ponto de interesse seguinte é o segundo Poço de Broca, perto da aldeia de Muro e junto ao ponto em que nos juntamos à Rota da Ribeira do Alvoco até alcançarmos o largo da igreja matriz de Vide.
Informações úteis
Época Recomendada: todo o ano Início do Percurso: Loriga Fim do Percurso: VideDistância: 16,830 km
Dificuldade: Difícil
Duração Aproximada: 5h30 Folheto Percurso Pedestre: aqui
Pedro Ribeiro
Rota dos Socalcos
A aldeia de Cabeça até pode situar-se no topo de um cabeço granítico, em plena Serra da Estrela e bem longe do litoral, dito, cosmopolita, contudo esta foi a primeira freguesia de Portugal a disponibilizar acesso livre à internet via Wireless e, basta que caia a noite, para que perceba que toda a aldeia é iluminada por tecnologia LED. Pode-se dizer que Cabeça alia a tradição com a visão de futuro.
A paisagem dominada pela vertente das serras circundantes e pelo vale. As casas, muitas delas construídas em pedra de xisto e cobertas por lousa, estão ordenadas em torno da igreja de São Romão e divididas por ruas estreitas típicas desta região. A calma e a paz que se respiram aqui são uma doce alternativa ao quotidiano frenético.
Pode e deve-se visitar a aldeia de Cabeça em qualquer altura do ano, mas é durante a quadra natalícia que as ruas ganham vida. A população junta-se para a decoração e organização da Cabeça – Aldeia Natal. Prove as saborosas iguarias regionais e divirta-se juntamente com esta grande família que está pronta para recebe-lo(a).
Outra sugestão é fazer o percurso pedestre da Rota dos Socalcos, cujo inicio e fim são junto à igreja matriz desta aldeia. Trata-se de um pequeno (comparativamente com os outros) e belo percurso através dos campos agrícolas dispostos em socalcos, a forma que os locais utilizaram para “domar” o terreno acidentado da montanha.
A partir da aldeia de Cabeça, siga em direcção ao Poço da Ponte, local onde se vai juntar à Rota da Ribeira de Loriga. Depois tem que atravessar a Ponte das Vergas e começar a subir, novamente, em direcção a Cabeça. Antes do final ainda vai passar pela Ponte do Porto, mais um dos ex-libris da aldeia.
Informações úteis
Eventos da aldeia de Cabeça: Cabeça Aldeia Natal – 8 de Dezembro de 2016 a 6 de Janeiro de 2017 Época Recomendada: todo o ano Início do Percurso: Cabeça Fim do Percurso: CabeçaDistância: 2,830 km
Dificuldade: Fácil
Duração Aproximada: 1h45 Folheto Percurso Pedestre: aqui
Pedro Ribeiro
Rota da Eira
Começamos a rota na aldeia de Loriga, desta vez no Largo da Carreira. Daqui, seguimos no sentido do ponteiro dos relógios em direcção à calçada da Ponte Nova. Em Loriga destacamos a presença das ruínas das antigas fábricas de lanifícios que aproveitavam a abundância de água e a forte procura dos seus produtos para crescerem. Chegaram a ser mais de trinta, em meados do século XIX. Hoje, são um espectro da importância que esta localidade teve outrora.
O caminho é curto e relativamente fácil de percorrer. Demora, apenas, uma hora e meia a completar o circuito. Da Ponte Nova subirá ao Cabeço das Resteves de onde obterá uma vista incrível sob a paisagem circundante, nomeadamente, os campos agrícolas em socalcos, soutos e pinhais. Depois desça, passe pela Eira do Mendes, que dá o nome a esta rota, passe junto ao lugar de Canadas e entre no sentido oposto da Rota da Ribeira de Loriga.
Por fim dirija-se novamente ao Largo da Carreira e dará por terminada a caminhada pela bela Serra da Estrela. Se ainda tiver tempo, sugerimos que descubra os sabores únicos de Loriga ou, se o tempo assim o permitir, aventure-se na praia fluvial de Loriga.
Informações úteis
Época Recomendada: todo o ano Início do Percurso: Loriga Fim do Percurso: Loriga Distância:2,870 kmDificuldade: Fácil
Duração Aproximada: 1h30 Folheto Percurso Pedestre: aqui
Pedro Ribeiro
Rota da Garganta de Loriga
Não se deixe enganar por o caminho ser sempre a descer. O trajecto é difícil e não recomendado quando a situação climatérica é adversa ou quando não possui equipamento adequado como agasalhos ou botas de montanha. O ideal será percorrer a Rota entre os meses de Maio e Outubro.
Iniciamos a aventura nas Salgadeiras, um planalto superior da Serra da Estrela. A paisagem é única e de tirar o fôlego. O silêncio é absolutamente mágico. Vestígios glaciários podem ser observados ao longo de todo o percurso. Os primeiros marcos dignos de nota são umas depressões conhecidas como covos. A primeira é o Covão do Boieiro, depois passará pelo Covão do Meio, caracterizado pela magnífica albufeira, depois o Covão da Nave e, por fim, o Covão da Areia.
Após atravessar a Ribeira da Talada dirija-se para a Eira da Pedra. Por vezes a Rota utiliza caminhos há muito usados pelos pastores e seus rebanhos aquando da transumância. Transumância é o nome dado à movimentação dos rebanhos para terras férteis aquando da chegada da primavera e do seu retorno às aldeias localizadas nas cotas mais baixas quando o tempo invernoso começa a ameaçar. Os pastores passavam longos meses longe de casa a tratar dos seus rebanhos. Por vezes, encontramos vestígios desse fenómeno cultural nas ruínas das casas isoladas na montanha.
Está quase a terminar. O caminho pode ser difícil, mas é recompensador. O local de chegada é o Largo da Carreira, na vila de Loriga. Aproveite para recuperar energias nesta bela localidade.
Informações úteis
Época Recomendada: Maio a Outubro Início do Percurso: Salgadeiras Fim do Percurso: Loriga Distância: 8,770 kmDificuldade: Difícil
Duração Aproximada: 3h30 Folheto Percurso Pedestre: aqui
José Conde
Rota da Missa
A rota segue um antigo caminho rural que ligava as aldeias pertencentes ao vale da ribeira de Teixeira. Chama-se de Rota da Missa pois este caminho era usado pelos fiéis para assistirem à missa dominical que se realizava na capela de N. Sra. Da Encarnação, na Teixeira. Hoje em dia, os meios de comunicação, os meios de transporte e a diminuição da afluência à capela tornaram o caminho obsoleto, contudo, felizmente, este tornou-se numa belíssima via para um passeio pedestre.
Começamos em Teixeira, uma das aldeias da freguesia, que ainda alberga vários edifícios antigos construídos em xisto e lousa. Antes de iniciar o caminho, pode (e deve) visitar o lagar de vara de azeite e os vários alambiques de produção de aguardente de medronho, um dos produtos característicos da aldeia.
Vamos fazer o percurso contrário ao que as populações faziam antigamente. Iniciamos junto à Capela de N. Sra. Encarnação e avançamos através de uma paisagem de relevo acidentado, através de matas de pinheiro bravo e giestas. Ao nosso redor campos agrícolas suspensos em socalcos continuam a oferecer sustento a muitas famílias. Pontualmente surgem aglomerados de medronheiros de onde se retiram os medronhos para se fazer a aguardente. A água é uma constante, não estivéssemos nós a acompanhar a corrente da Ribeira de Teixeira, afluente da Ribeira de Alvoco.
O final do passeio dá-se no Poço de Broca do Aguincho, uma cascata que surgiu depois da alteração do percurso do rio para criarem terras de cultivo. Aqui perto existe vários tanques onde crescem trutas para comercialização e consumo local. Caso seja possível pode ir até lá para matar a fome depois da caminhada, ou até, pescar uma truta para o jantar.
Informações úteis
Época Recomendada: Todo o ano Início do Percurso: Teixeira Fim do Percurso: Poço de broca do Aguincho Distância: 5,10 kmDificuldade: Fácil
Duração Aproximada: 2h Folheto Percurso Pedestre: aqui
Pedro Ribeiro
Rota das Canadas
O nevoeiro cerrado permite-nos vislumbrar o prenúncio de um local mágico, com uma beleza natural deslumbrante. É na cabeceira do vale da ribeira de Alvoco que se pode encontrar esta aldeia que se julga ser anterior à época dos romanos.
A água límpida e gelada do ribeiro que dá nome à aldeia, corre rapidamente por baixo da ponte romano-medieval. Aqui ainda subsiste a criação de gado, especialmente cabras e ovelhas e o cultivo dos campos em redor. As casas são feitas de granito mas são posteriormente rebocadas e pintadas de branco. Ainda existe um forno comunitário e a Eira do séc. XVIII.
Alvoco da Serra já foi um polo importante nesta região tendo albergado três fábricas de lanifícios em simultâneo. Chegou a ser sede de concelho, mas agora cinge-se a sede de uma freguesia composta por 5 aldeias serranas.
Existem muitos motivos para visitar Alvoco da Serra, mas porque não aproveitar os eventos que juntam as populações e promovem o convívio? A Festa do Solstício e a Caminhada do Lampião são eventos que não vão querer perder. A Caminhada do Lampião é um passeio nocturno, iluminado apenas pela luz das candeias, numa alusão à altura em que se regavam as culturas de noite. Em Julho, pode também participar na Malha do Centeio que o transportará para as vivências das aldeias do interior.
Esta é uma rota circular que começa e termina na Capela de St. António, lar do Museu de Arte Sacra. A Ribeira do Alvoco fica para trás, mas existem muitas mais ribeiras ao longo do trajecto. A água é uma constante, o que explica a existência de um grande número de moinhos de água que serviam para produzir farinhas. Vê-se, a toda a volta, afloramentos graníticos e campos agrícolas, assim como giestais e urzais. A rota estende-se por caminhos murados designados por “Canadas”, são eles que batizaram este traçado. A meio do percurso acabamos por juntar-nos à Rota do Pastoreio até chegarmos ao ponto final desta aventura, novamente junto à Capela de St. António.
Informações úteis
Eventos em Alvoco da Serra:Festa do Solstício e Caminhada do Lampião – 16 e 17 de Junho de 2017 Festa da Malha do Centeio – 14 de Julho de 2017 Época Recomendada: Todo o ano Início do Percurso: Alvoco da Serra Fim do Percurso: Alvoco da Serra Distância: 6,16 kmDificuldade: Algo Difícil
Duração Aproximada: 2h Folheto Percurso Pedestre: aqui
Pedro Ribeiro
Rota do Volfrâmio
Esta rota, a par da Rota das Minas do Círio, é dedicada à exploração de minérios que ocorreram nesta região e cujo contributo para a economia local e nacional foi deveras importante. E, tal como nas Minas do Círio, estas minas foram exploradas, sobretudo, durante a Segunda Guerra Mundial. Durante o percurso vai encontrar várias entradas para as galerias que faziam parte do antigo couto mineiro do Malha Pão (ou Malhão). As minas foram uma importante fonte de subsistência para as gentes de Sazes da Beira.
Iniciamos o percurso junto ao Santuário de Santa Eufémia, um pequeno templo sobranceiro à aldeia. Daí percorremos as ruas labirínticas, cujo núcleo urbano antigo é composto, principalmente, por habitações construídas em xisto e lousa, material abundante na serra.
O caminho percorre o espaço envolvente à aldeia de Sazes da Beira, rico em campos agrícolas em socalcos, moinhos hidráulicos e pinhais de pinheiro-bravo. Aqui perto, na portela de Arão, os Serviços Florestais criaram, durante a década de 1960, um viveiro de árvores para a reflorestação da Serra da Estrela.
A meio do percurso juntamo-nos à margem da Ribeira de Sazes, numa paisagem marcada também por matos de urzes e carqueja, e que nos acompanham até chegarmos, novamente, ao Santuário de Santa Eufémia onde nos despedimos da aldeia de Sazes da Beira.
Informações úteis
Época Recomendada: Todo o ano Início do Percurso: Sazes da Beira Fim do Percurso: Sazes da Beira Distância: 4,170 kmDificuldade: Fácil
Duração Aproximada: 2h Folheto Percurso Pedestre: aqui
Pedro Ribeiro
Rota das Minas do Círio
Esta rota vai proporcionar-lhe a oportunidade de descobrir uma zona influenciada pela extração de minérios, a Rota das Minas do Círio. Os caminhos estendem-se nas imediações da aldeia de Valezim, uma localidade antiga com origem na época da reconquista do território português ao exército mouro.
Da aldeia de traço tradicional destacam-se a capela de São Domingos, o pelourinho, a Igreja de N. Srª. do Rosário e o solar dos Castelo Branco.
O início do percurso faz-se junto às piscinas, na estrada municipal nº 231. Daí seguimos em torno de Valezim, passando pela fonte quinhentista e acompanhando os campos agrícolas dispostos em socalcos em direcção a Dornelas. Após atravessar a ribeira começará a descer em direcção às minas.
As minas do Círio são um antigo complexo mineiro de extracção de estanho e volfrâmio que teve o pico de actividade durante a Segunda Guerra Mundial. Devido ao risco que representam, não deverá tentar entrar nas galerias. O melhor é iniciar o caminho de regresso, o mesmo pelo qual chegou.
Depois de Dornelas e após atravessar novamente a ribeira, o caminho levá-lo-á ao Poço da Laje e à Ribeira de Valezim. Dependendo da altura do ano, o som da água é uma constante, não só aqui como em grande parte do percurso. Os moinhos aproveitavam esta força para moerem os grãos que alimentavam as aldeias circundantes. Esta é uma rota que o fará sentir noutros tempos. Vale a pena.
Informações úteis
Época Recomendada: Todo o ano Início do Percurso: EN 231 Fim do Percurso: EN 231 Distância: 7,10 kmDificuldade: Algo Difícil
Duração Aproximada: 2h30 Folheto Percurso Pedestre: aqui
Pedro Ribeiro
Rota da Caniça
A aldeia da Lapa dos Dinheiros é, provavelmente, mais conhecida pela sua praia fluvial criada na Ribeira da Caniça, em plena comunhão com a natureza. Se estiver bom tempo (e calor, de preferência), aproveite para banhar-se nas águas cristalinas. Na praia fluvial pode seguir o caminho pedonal até ao Buraco da Moura, um sistema natural de cavernas, ou até ao miradouro sobranceiro às quedas de água.
A Lapa dos Dinheiros é lar, também, de um bosque de castanheiros, denso e verdejante, denominado Bosque da Lapa. É aqui que, se realiza o Festival de Música do Bosque, um festival de música original e único no país, um óptimo motivo para visitar esta região.
O acesso à aldeia faz-se subindo a vertente da serra. As ruas estreitas, quase todas de calçada, e a afabilidade dos habitantes da aldeia, incentivam a um passeio a pé. A paisagem estende-se por quilómetros sobre o vale e a plataforma do Mondego. A sua proximidade à cidade de Seia e, consequentemente, aos seus serviços e comodidades é uma mais-valia que faz da Lapa dos Dinheiros um destino ideal para quem quer gosta do contacto com a natureza.
Se esse é o seu caso reserve tempo para fazer a Rota da Caniça. Esta rota percorre os pontos de interesse mais importantes da zona evolvente à Lapa dos Dinheiros como a praia fluvial, o souto de carvalhos centenários, as Quedas da Caniça, o Buraco do Sumo ou os Cornos do Diabo. A Ribeira da Caniça é rica em fauna e fauna que poderá observar dependendo da altura do ano em que decida aventurar-se por estas paragens. Uma coisa é certa, não se irá arrepender.
Informações úteis
Eventos: Festival de Música do Bosque – 23, 24 e 25 de Junho de 2017 Época Recomendada: Todo o ano Início do Percurso: Lapa dos Dinheiros Fim do Percurso: Lapa dos Dinheiros Distância: 6,966 kmDificuldade: Algo Difícil
Duração Aproximada: 2h45 Folheto Percurso Pedestre: aqui
José Conde
Rota do Vale do Rossim
Em 1956 entrou em funcionamento a barragem de Vale do Rossim criando uma barreira na Ribeira de Fervença e, consequentemente, inundando os terrenos circundantes. Este acontecimento acabou por criar aquela, que se considera, a praia mais alta de Portugal, em pleno coração do Parque Natural da Serra da Estrela. É certamente, uma das mais belas e com um adequado centro de apoio. Unidades hoteleiras, um parque de campismo e um café são algumas das regalias que pode usufruir.
A viagem começa aqui, junto ao café e à albufeira criada pela barragem. A rota segue por antigas veredas até ao Sabugueiro, caminhos outrora usados por pastores, carvoeiros e agricultores, mas que, actualmente, são percorridos por turistas que prezam o contacto com a natureza. Enquanto nos dias de primavera ou verão os obstáculos e a inclinação podem ser ultrapassados com alguma facilidade, chamamos a sua atenção para que tome especial cuidado nas estações frias pois as condições climatéricas podem mudar repentinamente e deixá-lo numa situação difícil.
Durante todo o caminho poderá observar matos de giestas e sargaços e outras espécies de montanha, aves de rapina circundam os céus em busca da próxima presa num voo silencioso. Os afloramentos graníticos brotam da montanha formando esculturas naturais de uma beleza impar.
Já perto da aldeia do Sabugueiro irá encontrar a Cascata de Fervença e a ponte do Porto Cabrito. O percurso termina junto à Igreja Matriz do Sabugueiro, orgulhosamente considerada a aldeia mais alta do país.
Informações úteis
Época Recomendada: Todo o ano Início do Percurso: Vale do Rossim Fim do Percurso: Sabugueiro Distância: 6,345 kmDificuldade: Algo Difícil
Duração Aproximada: 3h Folheto Percurso Pedestre: aqui
Pedro Ribeiro
Rota da Fervença
Na estrada nacional, antes de chegar ao Sabugueiro, há uma indicação que diz “Bem-vindos ao Sabugueiro, Aldeia mais alta de Portugal (1050m)”. Esta aldeia, de traço tipicamente serrano, com as suas casas de granito, ainda está intimamente ligada com a pastorícia e a vida em comunidade. Em redor, subsistem as searas de centeio, cujo grão é usado para fabrico do pão, cozido, por vezes, no forno comunitário, ainda em uso. Aqui também se produz o leite de ovelha que depois é usado na confecção do famoso queijo Serra da Estrela.
Esta ligação às tradições está bem patente nos eventos que o Sabugueiro alberga ao longo do ano. No dia 25 de Fevereiro acontece a Queima do Entrudo. A 1 de Julho a aldeia junta-se à Festa da Transumância e dos Pastores numa homenagem aquele que é um dos mais ilustres representante da vida da montanha, o pastor. E ainda há a Noite das Caçoilas, a 4 de Novembro. Outrora, por ocasião de casamentos e de outras festas da aldeia, confeccionava-se nas casas, o cabrito, a chanfana ou o borrego, temperados em caçoilas de barro que depois eram levadas ao forno comunitário para assar. É um verdadeiro festival de sabores que tem que descobrir.
Seja qual for a altura do ano que escolha para visitar o Sabugueiro deverá fazer a Rota da Fervença que desenha um circuito na envolvente à aldeia atravessada pela Ribeira do Covão e pela Ribeira da Fervença.
O caminho começa junto à Igreja Matriz e segue para a Ponte da Serra. O caminho é circular e de dificuldade reduzida. A paisagem é pontuada predominantemente por pinhais, lameiros (terrenos usados para produzir pasto), matos de urze e giestas. Destacamos também a magnífica cascata de Fervença cujo barulho das águas o vai encher de energia para os metros finais.
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Eventos: Queima do Entrudo – 25 de Fevereiro de 2017Festa da Transumância e dos Pastores – 1 de Julho de 2017
Noite das Caçoilas – 4 de Novembro de 2017 Época Recomendada: Todo o ano Início do Percurso: Sabugueiro Fim do Percurso: Sabugueiro Distância: 4,740 km
Dificuldade: Fácil
Duração Aproximada: 2h30 Folheto Percurso Pedestre: aqui
José Conde
Rota da Ribeira do Alvoco
A Serra da Serra está preenchida por pequenas aldeias dispersas pelos seus montes e vales. Esta longa rota, que demora mais de seis horas, faz a ligação entre Alvoco da Serra e Vide, por um antigo caminho que percorre um vale bem delineado.
O trajecto é difícil com, um desvio opcional se quiser visitar a lindíssima aldeia de Vasco Esteves de Cima, um templo ao silêncio. Depois regresse à Ribeira de Alvoco e siga o seu leito. Vai passar por uma paisagem dominada por pinhais, mato e terrenos agrícolas, fonte de subsistência para as populações em redor. Para irrigar esses campos foram construídas levadas, para conduzir a água até lá e até se desviou o curso da ribeira para drenar terrenos e abrir novos locais para colheitas. Os desvios originaram vários Poços de Broca, cascatas de água cristalina que ecoam no ar. Irá passar por moinhos hidráulicos que transformavam o grão na farinha que era depois usada na produção do pão para a comunidade.
Esta é uma longa viagem que deve ser feita com tempo e com cuidado nos pontos mais elevados ou nos caminhos mais estreitos. A natureza engole-nos num abraço acolhedor e quase que nos perdemos no esquecimento da memória. Pode ser um percurso demorado, mas vele bem a pena quando se chega, finalmente, junto à Igreja Matriz de Vide.
Informações úteis
Época Recomendada: Todo o ano Início do Percurso: Alvoco da Serra Fim do Percurso: Vide Distância: 17,095 km + 4,760 km (derivação de Vasco Esteves de Cima)Dificuldade: Difícil
Duração Aproximada: 6h30 Folheto Percurso Pedestre: aqui
José Conde
Rota do Pastoreio
Estamos num dos locais mais emblemáticos da Serra da Estrela: a Torre, o ponto mais alto da serra e de Portugal Continental, 1993m. Daqui, em dias em que as condições são as ideais, pode avistar-se até ao mar, na zona da Figueira da Foz. As temperaturas podem ser bastante baixas e a neve muito alta pelo que se aconselha que faça esta rota em alturas em que não haja nem uma coisa, nem outra. Contudo, mesmo no Verão, venha prevenido com agasalhos. O clima da montanha pode pregar partidas.
Quem conhece os segredos da serra são os pastores, que desde tempos imemoriais, fazem a transumância com os seus rebanhos à procura dos pastos verdejantes que cobrem os prados de montanha no meio dos afloramentos rochosos.
A Rota percorre antigos caminhos usados por pastores, através da vertente sul do maciço superior, o que proporciona uma magnifica vista sob a região centro. Apesar da inclinação ser sempre a descer, o caminho para a aldeia de Alvoco da Serra é difícil e moroso. São praticamente três horas e meia de caminhada através de uma paisagem de tirar o fôlego. O silêncio que se faz sentir é, apenas interrompido pelo som das asas dos pássaros ou pela força da água a abrir caminho por entre as rochas.
Antes de Alvoco da Serra ainda vai atravessar a Ribeira do Meio e a Ribeira das Forjas. Os campos em socalcos são uma constante já que continuam a ser uma fonte de subsistência para as populações.
No final pode restabelecer as forças (e espantar o frio) descobrindo os deliciosos sabores da serra.
Informações úteis
Época Recomendada: Maio a Outubro Início do Percurso: Torre Fim do Percurso: Alvoco da Serra Distância: 7,780 kmDificuldade: Difícil
Duração Aproximada: 3h30 Folheto Percurso Pedestre: aqui