DESTINOS

Por caminhos bem temperados descobrimos pedaços de história a cada passo

Este mês descubra…

A Rota das Casas de Escritores

Com este tema fomos visitar grandes escritores portugueses às suas casas. Podem ser lugares reclusos, inspiradores, afastados do corrupio das cidades ou mesmo no centro das metrópoles. Nestas Casas-Museu e Fundações preserva-se a memória daqueles que deixaram a sua marca na cultura portuguesa em forma de verso ou de prosa. Viajámos do norte do país até à capital, vimos o mar e as montanhas para lhe trazer as 17 Mais Inspiradoras Casas de Escritores. Venha connosco descobrir que palavras se escondem por detrás destas paredes.


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Eça de Queiroz

Teixeira de Pascoas

Camilo de Castelo Branco

Antero de Quental

José Régio

Almeida Garrett

Sophia de Mello Breyner Andresen

Guerra Junqueiro

Domingos Monteiro

Júlio Dinis

Ferreira de Castro

Miguel Torga

Fernando Namora

Aquilino Ribeiro

Afonso Lopes Vieira

Fernando Pessoa

José Saramago

Eça de Queiroz

As paisagens do Douro vinhateiro abraçam-nos. Nas vinhas, plantadas em socalcos, amadurecem as uvas para mais uma temporada de vindima. Estamos na freguesia de Santa Cruz do Douro, concelho de Baião.
Atrás de nós, encontra-se o arco que dá acesso ao pátio em granito da Casa de Tormes. A casa está intimamente ligada a Eça de Queiroz é o cenário da obra “A Cidade e as Serras”. A casa foi herdada pela esposa do escritor, quando estes estavam em Paris. Quando regressou a Portugal, ao que parece, não terá gostado do que viu devido ao estado de abandono que a casa se encontrava. Esse desagrado está estampado nas cartas que enviou à mulher para lhe descrever o cenário.
Ao contrário do que se possa pensar, Eça não viveu nesta casa. Vinha aqui apenas passar algum tempo ocasionalmente. Contudo, pode dizer-se que esta é a sua morada mais emblemática. O espaço museológico, que alberga muitas peças pertencentes ao autor tais como mobiliário e pertences pessoais, estão metodicamente colocados nos espaços da casa: sala de entrada, biblioteca, sala museu, sala de estar, quarto, cozinha, capela e varanda.
As casas dos caseiros foram transformadas em habitação de turismo caso queira passar a noite.
Está a cheirar a arroz de favas? Se calhar não, mas é possível recriar as iguarias da obra “A Cidade e as Serras” num almoço Queirosiano servido na propriedade. E por falar em “A Cidade e as Serras”: aproveite para fazer o percurso que Jacinto e Zé Fernandes, duas das personagens do livro, fizeram desde a estação (Lugar de Arejos) até à quinta. As magníficas paisagens do Douro são o cenário perfeito para a caminhada.


Informações úteis
Morada: Caminho particular de Tormes, 351, 7 – Santa Cruz do Douro
E.mail: info.turismo@feq.pt
Website: www.feq.pt

Teixeira de Pascoaes

Começamos esta visita à casa de Teixeira de Pascoaes pelo fim, pela última morada, a sua sepultura diante da Igreja de São João Baptista de Gatão, pertencente à Rota do Românico. Deixamo-nos ficar em silêncio apenas com o som do vento a uivar pelo vale do Tâmega.
A partir daqui seguimos para o solar Pascoaes, construído no século XVII. A casa, perto do rio Tâmega e com vista para a serra do Marão, pertenceu ao avô paterno de Teixeira de Pascoaes e foi praticamente toda destruída quando o exército francês, que tentou invadir Portugal na época da guerra napoleónica, deitou fogo à propriedade. Os anos seguintes foram de reconstrução quase idêntica à casa que a precedeu.
Joaquim Pereira Teixeira de Vasconcelos, nome verdadeiro do poeta Teixeira de Pascoaes, viveu quase toda a sua vida junto da família, sintonizado com a Natureza. Decerto percorreu a quinta e as suas vinhas circundantes. Teixeira de Pascoaes construiu a sua fortaleza no solar de Gatão. A casa conserva ainda o espólio do poeta, a biblioteca repleta de livros, a secretária com o material de escrita, a cadeira onde se sentou a construir os poemas que ficaram para a história da literatura nacional.
Findada a nossa visita, descemos as escadas para o amplo pátio. Esta pode ser uma boa oportunidade para visitar a bela Amarante.


Informações úteis:
Morada: EN 210 (Amarante – Arco de Baúlhe), cruzamento com estrada secundária no Lug. de Pascoaes, Gatão, Amarante.
E-mail: casadepascoaes@gmail.com
Website:  www.casadepascoaes.org

Crédito Foto: Rota do Românico

Camilo de Castelo Branco

Camilo de Castelo Branco nasceu em Lisboa em 1825. Não teve uma infância fácil pois ficou órfão aos 10 anos de idade. Foi viver para casa de uma tia juntamente com a irmã, mas o carinho e o afecto eram uma raridade.
A adolescência também não foi das melhores. Casou aos 16 anos com uma camponesa do lugar de Friúme de quem teve uma filha. Depois da morte destas em 1847 e 1848, Camilo entrou num ciclo de ligações menos próprias. Da primeira teve uma filha, a segunda era uma religiosa do convento de Avé Maria e a terceira era Ana Plácido, mulher casada que abandona o marido e foge com Camilo para Lisboa. A vida de Camilo dá muitas reviravoltas neste período, incluindo o encarceramento na prisão do Porto devido à tal acusação de adultério, contudo, após a morte do marido de Ana Plácido, estes instalam-se, finalmente, nesta casa em São Miguel de Seide, Vila Nova de Famalicão. A casa fora deixada pelo marido de Ana Plácido ao seu suposto filho, Manuel Plácido, mas que, ao que parece, poderia ter sido de Camilo de Castelo Branco.
Nem aqui a vida deixou de lhe pregar partidas. Dos seus três filhos (sendo que Manuel vinha do primeiro casamento de Ana Plácido), Manuel entregou-se a uma vida de excessos e de boémia tendo falecido em 1877, Nuno seguiu-lhe as pisadas e nem o casamento arranjado pelo pai com Maria Da Costa Macedo (apelidada de “Diamante Negro” devido à fortuna da família adquirida em África) acalmou a estroinice. Por essa altura já o filho Jorge dava sinais de perturbação mental.
A casa já não apresenta muitas das características da original construída em 1830, no entanto, foi decorada com as peças pertencentes à família provocando o efeito de que a casa ainda se encontra habitada pelo escritor e por Ana Plácido. Destacamos a sala com o piano de Ana Plácido, o relógio de parede, os retratos dos filhos e… a cadeira onde Camilo de Castelo Branco se sentou nesse dia fatídico de 1 de Junho de 1890 e pôs termo à vida. Camilo era atormentado pela doença e, no final de vida pela cegueira. Uma tristeza profunda e um pessimismo inveterado inundavam-no.
Da sala partimos em direcção ao escritório que alberga a pesada mesa onde podiam trabalhar duas pessoas em simultâneo. Ana Plácido auxiliou o escritor em muitas das suas obras. Era uma parte fundamental da sua vida. Do outro lado do corredor o quarto mantinha duas camas separadas. Camilo escrevia muitas vezes ao longo da noite escura.
Antes de darmos por terminada a visita passamos ainda pela cozinha de traços nortenhos, mas cujas dimensões poderiam sugerir que ali vivia uma família abastada (tal não se verificava, contudo). A loja do museu encontra-se nas antigas cavalariças. Objectos do escritor, manuscritos, notas, correspondência e alguns dos seus livros estão ali expostos.
Camilo de Castelo Branco é um dos autores mais estimados da literatura portuguesa. A sua vida foi preenchida por amargura e pessimismo. Mas a sua escrita é cheia de ironia, sarcasmo e brilhante estilo. Esta é uma visita obrigatória assim como este é um autor obrigatório.


Informações úteis:
Morada: Avenida de S. Miguel, 758  – São Miguel de Seide
E-mail: geral@camilocastelobranco.org
Website: www.camilocastelobranco.org

Antero de Quental

Chamava-se Antero Tarquínio de Quental e nasceu em Ponta Delgada, na Ilha de São Miguel, nos Açores, no dia 185 de Abril de 1842. Poeta e filósofo, possuidor de uma personalidade complexa, liderou a corrente do realismo em Portugal, chegando a envolver-se em famosas polémicas com o anterior status quo do Romantismo, como a que deu aso à carta aberta intitulada “Bom senso e bom gosto” dirigida a António Feliciano de Castilho.
A casa foi adquirida pela câmara municipal de Vila do Conde e inaugurada em 2013. O objectivo é estudar e divulgar, não só a obra Anteriana, como também o contexto em que se inseriu a geração cultural de 1870. Da geração de 70 faziam parte Antero de Quental, Eça de Queirós e Oliveira Martins e secundariamente Ramalho Ortigão, Teófilo Braga, Gomes Leal, Guerra Junqueiro, Jaime Batalha Reis, Guilherme de Azevedo, Alberto Sampaio, Adolfo Coelho ou Augusto Soromenho.
Foi aqui que Antero de Quental viveu durante 10 anos, entre 1881 e 1891. Foi a sua última residência no continente. O ambiente calmo, bucólico e inspirador de Vila do Conte permitiram a produção de parte substancial da sua obra entre estas paredes. Antero é considerado por muitos como um dos melhores sonetistas portugueses.
Após este período regressou a Ponta Delgada e, como muitos escritores, poetas e demais produtores artísticos, Antero era assolado por uma depressão profunda. O resultado final foi o suicídio a 11 de Setembro de 1891, na sua terra natal.


Informações úteis:
Morada: Largo Antero de Quenta – Vila do Conde
E-mail: casaanterodequental@cm-viladoconde.pt
Website: www.cm-viladoconde.pt

José Régio

Mais uma vez em Vila do Conde, numa das artérias principais da cidade, localiza-se a casa de José Régio. Trata-se de um prédio baixo, de cor amarelada. Na verdade esta era a casa da sua tia e que José Régio remodelou para a sua aposentação.
José Régio é o pseudónimo de José Maria dos Reis Pereira, nasceu a 17 de Novembro de 1901, em Vila do Conde e faleceu a 22 de Dezembro de 1969 na mesma cidade. Depois do liceu, seguiu para Coimbra onde se licenciou em letras. Fundou a revista Presença juntamente com João Gaspar Simões e Branquinho da Fonseca. Durante 30 anos deu aulas no liceu de Portalegre.
A visita a casa inicia-se por um espaço museológico de traço moderno onde se expõe trabalhos do escritor. Não são apenas textos, existem pinturas e objectos por ele adquiridos. A seguir, é que voltamos ao sol da rua para entrar na casa propriamente dita.
No piso térreo destacam-se as obras oferecidas a José Régio por parte de amigos e familiares e uma sala escura com arte sacra e mobiliário adquirido a antiquários. Esse era, aliás, um dos aspectos interessantes desta casa, ao longo da sua vida José Régio comprou uma vasta colecção de arte sacra, principalmente representações de Cristo e da Virgem Maria com o menino ao colo (imagem que o fazia lembrar da sua própria mãe) porque tencionava que a casa fosse após a sua morte um museu, uma vez que então Vila do Conde não detinha nenhum. No piso de cima é possível percorrer as divisões decoradas à época. Em todas, ou quase todas, existem as imagens de Cristo e de Maria e uma miríade de móveis antigos, alguns deles bastante carcomidos pelo tempo.
Destacamos o escritório de cor escura e pesada, com a secretária numa das extremidades e estantes de livros à volta. José Régio mandava construir estantes à medida para que pudessem caber perfeitamente nos espaços que tinha disponíveis pela casa. Uma campainha pousada sobre o tampo da secretária chamou-nos a atenção. Explicam-nos que após sofrer um ataque cardíaco, José Régio mantinha uma campainha consigo para chamar ajuda, caso fosse necessário. O prédio tem ligação à habitação do lado, pertencente à família. A seguir ao escritório passa-se por um estreito corredor para chegar aos quartos sendo que o primeiro é o de José Régio e onde o escritor veio a falecer.
A visita a esta casa museu termina no jardim acolhedor, protegido por um muro alto que a isola do mundo exterior. Os canteiros albergam flores que vão alternando entre as espécies que florescem no verão e as que florescem no interno, portanto, o jardim é uma surpresa o ano todo. No canto esquerdo ergue-se uma torre para onde José Régio ia em busca de refúgio, na segurança das palavras. Hoje em dia o barulho dos automóveis é muito maior, mas, ainda assim, a vontade de perdermos as horas neste lugar é muita.


Informações úteis:
Morada: Casa Museu José Régio, Av. José Régio – Vila do Conde
E-mail: museus@cm-viladoconde.pt
Website: www.cm-viladoconde.pt

Almeida Garrett

A lápide diz “Casa onde nasceu aos 4 de Fevereiro de 1799 João Batista da Silva Leitão Almeida Garrett”. É a confirmação de que estamos no lugar certo, nesta rua estreita do Porto. A câmara municipal do Porto ordenou a colocação desta lápide para homenagear este escritor. Verdade seja dita que não lhe faltaram homenagens por parte da cidade. E ainda bem.
Almeida Garrett nasceu no seio de uma família burguesa ligada ao comércio aqui neste prédio, na antiga zona ribeirinha do Porto. A casa foi construída na segunda metade do século XVIII, durante a reforma dos Almadas, nomeadamente por parte de João de Almada e Melo. Trata-se de uma casa de quatro pisos com inúmeras janelas e duas varandas nos pisos superiores. As paredes do edifício deveriam estar totalmente cobertas por azulejo verde tal como se vê na área circundante à lápide.
Almeida Garrett esteve muitas vezes no exílio, a primeira das quais ainda muito novo, devido às invasões francesas, quando ele e a família partiram para os Açores. Lá recebeu formação dos seus tios regressando ao continente mais tarde. Almeida Garrett esteve ligado sempre ao mundo político, defendia as ideias liberais, esteve presente no cerco ao Porto como parte do exército liberal, foi deputado da nação, ministro por cinco vezes, tornado Visconde, fundou diversos jornais, mas é como escritor que o recordamos. Teve uma vida ligado às palavras, foi fundamental para a evolução do teatro em Portugal, é, sem sombra de dúvidas, o expoente máximo da literatura romântica portuguesa, influência que recebeu aquando do seu exílio em Inglaterra onde estudou Byron e Walter Scott.
O Visconde de Almeida de Garrett acabou por falecer em Lisboa, vítima de cancro, no entanto deixou a sua marca eterna na história política e literária nacional.


Informações úteis:
Morada: Rua Dr. Barbosa de Castro, 37, Porto
Visitas: A casa encontra-se encerrada ao público
 

Sophia de Mello Breyner Andresen

A Casa Andresen é um dos polos de atracção da cidade do Porto. Situa-se no interior do jardim botânico e, até 2008, fez parte integrante da Faculdade de Ciências do Porto.
Anteriormente a Casa Andresen era denominada por Quinta do Campo Alegre. Passou para as mãos da família Andresen em 1895 quando o avô de Sophia de Mello Breyner a adquiriu a um brasileiro. A partir daí Joana e João Henrique Andresen Júnior iniciaram trabalhos para enaltecerem o espaço. Foram eles que terminaram a renovação da casa e dos jardins.
Em 1919, altura em que nasceu a escritora, a quinta era bem maior do que é hoje em dia. Foi reduzida quando cederam espaço para construir os acessos à Ponte da Arrábida.
Foi aqui que Sophia nasceu e cresceu, a brincar livremente pelos jardins na companhia do, também escritor, Ruben A. A influência da casa pode ser lida em muitas das suas obras. Descrevia-a assim “Tudo na casa era desmedidamente grande desde os quartos de dormir onde as crianças andavam de bicicleta até ao enorme átrio (…)”.
A cor avermelhada que apresenta actualmente é fruto de uma intervenção de restauro que quis devolver as características originais da casa. É difícil ficar indiferente ao seu esplendor. Damos a volta por fora até à enorme escadaria que sobe para o primeiro andar. Do lado direito (de que está voltado para a casa) fica o Jardim do Rapaz de Bronze, uma das mais conhecidas obras de Sophia de Mello Breyner. À frente das escadas fica o Jardim do Roseiral e logo ao lado o Jardim dos Jotas que invoca a memória de João Henrique e Joana Andresen.
Sophia entrou para o curso de Filologia Clássica, que não chegou a terminar. Mudou-se definitivamente para Lisboa após o casamento, onde divide o seu tempo entre a poesia e a intervenção política contra o regime de Oliveira Salazar. A escritora é considerada uma das mais importantes escritoras portuguesas do século XX. Recebeu o prémio Camões em 1999 assim como o Prémio Pessoa. Faleceu a 2 de Julho de 2004 e encontra-se presentemente sepultada no Panteão Nacional, prova de que a sua marca ficou para a história da literatura portuguesa.


Informações úteis:
Morada: Rua do Campo Alegre, 1191 – Porto
Email: invasao@up.pt
Website: invasaodacasaandresen.up.pt

Guerra Junqueiro

Perto da Sé do Porto, numa rua estreita denominada D. Hugo, ergue-se uma casa nobre de traçado Barroco, construída na segunda metade do século XVIII. Em 1996, sofreu obras de remodelação da responsabilidade do arquitecto Alcino Soares que dotou o edifício de salas para exposições temporárias e uma cafetaria.
Entra-se nos jardins através de um enorme portão de ferro e fica logo à vista a grandiosidade da fachada, especialmente das cinco janelas do piso superior que sobressaem do branco das paredes. Atrás de nós a escultura do poeta Guerra Junqueiro observa as nossas passadas em direcção à sua casa.
Guerra Junqueiro nasceu a 17 de Setembro de 1850 em Freixo de Espada à Cinta. Formou-se em direito, em Coimbra (depois de uma passagem de dois anos pelo curso de teologia). Foi funcionário público e deputado, ligado à esfera republicana. Após a Implantação da República foi nomeado ministro de Portugal em Berna, Suíça, cargo que exerceu até 1914. Guerra Junqueiro veio a falecer a 7 de Julho de 1923. Foi considerado por muitos o maior poeta social português do século, tendo sido elogiado por nomes tão notáveis como os de Camilo de Castelo Branco, Eça de Queirós ou Fernando Pessoa, entre outros.
A casa-museu foi criada em 1942, pela filha de Guerra Junqueiro, Maria Isabel Guerra Junqueiro, com espólio desta e de sua mãe, entre outras contribuições e aquirições por parte da Câmara Municipal do Porto. O museu apresenta uma vasta coleção que varia entre o mobiliário, ourivesaria, têxteis, cerâmica, vidros que abrangem um período que vai desde o século XV ao século XIX. É curioso observar que muitos objectos são originários de países bastante longínquos como a China ou a Índia.


Informações úteis:
Morada: Rua de Dom Hugo, 32 – Porto
E-mail: museuguerrajunqueiro@cm-porto.pt
Website: balcaovirtual.cm-porto.pt

Domingos  Monteiro

Foi nesta casa que Domingos Monteiro nasceu a 6 de Novembro de 1903, em Mesão-Frio. Licenciou-se em Direito na Universidade de Lisboa, mas para além de advogado foi também, jornalista, editor e, claro está, escritor. Aliás, Domingos Monteiro escreveu o seu primeiro livro aos 16 anos, Oração do Crepúsculo (1919) que foi prefaciado por Teixeira de Pascoaes, cuja casa também está incluída neste guia. Levou uma vida dedicada à escrita, mas também à oposição ao regime vigente na altura.
A Casa-Museu, Quinta das Quintans é impossível passar despercebida devido à sua cor distintiva. Nos seus três pisos – adega, rés-do-chão e águas furtadas – foram transformadas algumas divisões em espaços de exposição sobre Domingos Monteiro e outras foram preservadas na sua forma original. É possível, por exemplo, ver o escritório usado por Domingos Monteiro.
Lá fora, o jardim oferece uma atmosfera inspiradora que convida a um passeio pelas pontes sobre os lagos e pela gruta. Ali perto, a vinha recebe os raios quentes do sol e lá em baixo, o belo Douro corre sem pressa.


Informações úteis:
Morada: Quinta das Quintans – Mesão Frio
E-mail: casamuseuquintadasquintans@outlook.pt
Website: m.facebook.com/cmuseuqquintans
 
Crédito foto: escritoresanorte.pt

Júlio Dinis

A doença sempre foi uma companheira nefasta para Júlio Dinis e para toda a sua família. Nasceu no Porto a 14 de Novembro de 1839 sob o nome Joaquim Guilherme Gomes Coelho. Perdeu a mãe muito cedo para a tuberculose, a mesma doença que vitimaria os seus oito irmãos e mais tarde ele próprio.
Como a doença o atormentava, procurava refúgio e cura junto dos ares desanuviados do campo. Entre outros lugares, esteve no Funchal e em Ovar, casa na qual estamos agora e para onde Júlio Dinis veio, em 1863, quando começaram a surgir os primeiros sinais de tuberculose.
A Casa do Campo, como ficou conhecida, é uma típica casa vareira, baixa e alva. A entrada para o museu faz-se pela lateral, para a loja e recepção. À casa primitiva foi acrescentado um espaço moderno, com lugar para exposições temporárias e conferências.
A casa está decorada de maneira a podermos imergir-nos no ambiente vivido por Júlio Dinis. O nível de detalhe da cozinha está particularmente bem conseguido, com os utensílios expostos e a panela de ferro na lareira aberta. Seguindo pelo corredor chega-se à sala onde as visitas eram recebidas. Nas vitrinas estão dispostos exemplares das publicações de Júlio Dinis, alguns da primeira edição. Contíguo à sala fica o quarto onde o escritor certamente imaginou muitas das cenas inclusas nas páginas que escreveu.
Foi em Ovar que Dinis escreveu a maioria das obras “As Pupilas do Senhor Reitor” e “A Morgadinha dos Canaviais”.
Júlio Dinis veio a falecer precocemente a 12 de Setembro de 1871, no Porto, sua terra natal, vítima de tuberculose.


Informações úteis:
Morada: Rua Júlio Dinis, nº 81 – Ovar
E-mail: museujuliodinis@cm-ovar.pt
Website: www.cm-ovar.pt

Ferreira de Castro

Ferreira de Castro foi um dos autores portugueses mais populares e conhecidos do século XX. Assim que decidimos incluí-lo no roteiro deixou-nos com uma dúvida: qual das casas a incluir? Sim, existem duas casas-museu dedicadas ao autor. Ferreira de Castro foi para Lisboa muito cedo na sua vida, logo após a ter regressado do Brasil. Foi em Sintra que escreveu grande parte da sua obra. Foi a essa autarquia que Ferreira de Castro doou o seu espólio em 1973, pouco antes de partir deste mundo. O seu desejo era de ser enterrado na Serra de Sintra, local que tanto o inspirou. “Desejaria ficar ali para sempre” (…) “onde as ervas rasteiras vivessem livremente”.
Mas decidimos optar pelo local da sua origem, talvez não tão visitado como a casa de Sintra, nem tão grandioso, mas que alberga uma genuinidade sem paralelo.
A aldeia de Salgueiros, freguesia de Ossela, Oliveira de Azeméis viu nascer Ferreira de Castro em 1898, filho de camponeses. A casa é demonstrativa da sua condição social. Trata-se de uma casa pequena, de dois pisos, que mantém o quintal (como solicitado pelo autor) e o verde dos pinheiros atrás de si.
Este edifício já teve várias utilizações como por exemplo a de Casa do Povo. Só em 1965 volta à posse de Ferreira de Castro. Nessa altura decide transformar a casa num museu concedendo-lhe o aspecto do seu antigo lar.
No piso térreo encontramos a adega e vários tipos de utensílios agrícolas tais como os pipos e o lagar. No primeiro andar podemos percorrer as pequenas divisões: a cozinha, a sala, o quarto da mãe e o quarto de Ferreira de Castro. Ali encontramos a relíquia que são a mala e um dos pares de sapatos que o autor usou na sua viagem à volta do mundo.
Ferreira de Castro é uma figura estimada na sua terra natal. Para além de visitar a casa museu, organize o seu tempo para percorrer os Caminhos de Ferreira de Castro. Ficará a saber mais sobre a espantosa vida deste autor traduzido e publicado em dezenas de países enquanto caminha por entre a bela paisagem descrita em “Os Emigrantes” (1928) e nas memórias de Ferreira de Castro.


Informações úteis:
Morada: Lugar de Salgueiros, Ossela – Oliveira de Azeméis
E-mail: patrimonio.cultural@cm-oaz.pt
Website: esan.web.ua.pt/FerreiradeCastro/

Miguel Torga

Coimbra preserva a casa que foi, outrora, de um dos maiores escritores portugueses: Miguel Torga. Numa rua sem saída, ironicamente denominada Fernando Pessoa (era o autor favorito de Miguel Torga), ergue-se a casa de piso térreo e primeiro andar.
Um pequeno jardim conduz-nos até à porta de entrada oculta por baixo dos arcos. Lá dentro, o ambiente escuro deixa antever os pertences de uma vida. A pequena sala onde Miguel Torga (ou Adolfo Correia da Rocha) recebeu grandes nomes da política e das artes encontra-se do lado direito. Mais à frente, a cozinha onde se confecionavam os pratos que ele tanto apreciava. Pelas janelas é possível vislumbrar o quintal que ele próprio cultivava e que imita a paisagem duriense e transmontana.
No piso superior destaca-se o seu escritório completo com uma cama à qual ele chamava “o meu sarcófago”. As horas que passou neste espaço exigiam conforto e ambiente inspirador. Prova disso é a lareira, a única da casa.
Vale a pena a visita a esta casa preenchida por um acervo de documentos, fotografias, primeiras edições, mobiliário adquirido em antiquários, cerâmica, pintura e escultura. Aqui respira-se a urze e os ares de Trás-os-Montes.
Outra das “casas de Miguel Torga” é a que viu nascer o escritor e onde ele passou toda a infância em São Martinho de Antes, concelho de Sabrosa. Esta será transformada brevemente em espaço museológico e aberta ao público. Outro local a visitar na mesma localidade é o Espaço Miguel Torga, totalmente dedicado a vida e obra do poeta.


Informações úteis:
CASA MUSEU MIGUEL TORGA
Morada: Praceta Fernando Pessoa – Coimbra
Tel: +351 239 781 345
CASA MIGUEL TORGA
Morada: Rua Miguel Torga –  São Martinho de Anta
Tel: +351 259 330 770
ESPAÇO MIGUEL TORGA
Morada: Rua Miguel Torga – São Martinho de Anta
Tel: +351 259 330 770
 

Fernando Namora

No centro de Condeixa-a-Nova, encontramos uma casa alva que alberga o nome deste importante escritor português na fachada. É uma casa simples, de rés-do-chão e primeiro andar, ainda rodeada por comércio, reaberta em 1990 sob tutela da Câmara Municipal.
A casa era dos pais de Fernando Namora e ao entrar parece-nos difícil conceber como é que três pessoas conseguiam viver num espaço tão reduzido, uma vez que o piso térreo foi usado como loja de tecidos a retalho. A toda a volta olham-nos as pinturas do escritor. No cimo de uma bancada, o busto de pedra escura mantém a vigilância eterna.
Somos guiados para o piso superior por umas escadas estreitas. Nas vitrinas repousam medalhas, condecorações e prémios recebidos ao longo de uma vida. Por todo o lado está exposta a sua vasta biblioteca, a colecção de manuscritos, apontamentos originais e provas tipográficas. O escritório foi mudado da sua residência em Lisboa para aqui do modo mais fidedigno possível. O pormenor da existência das molduras com retratos dos seus amigos e familiares transportam-nos para um ambiente mais intimista deste autor, que dizem ter sido de trato afável.
Fernando Namora nasceu em Condeixa-a-Nova, a 15 de Abril de 1919 e permaneceu nesta casa até aos 10 anos de idade. Por imposição da mãe, seguiu o curso de medicina na Universidade de Coimbra onde se licenciou. Fernando Namora gostaria de ter escolhido um curso ligado às artes, contudo acabou por seguir o concelho de sua mãe tendo-se afeiçoado ao curso e à profissão. Depois disso abriu consultório em Condeixa, mas os caminhos da vida levaram-no a exercer medicina na Beira Interior, no Alentejo e em Lisboa. Os locais por onde passou estão, aliás, espelhados na sua obra, tanto literária como na pintura.
A porta do primeiro andar abre-se para a rua deixando antever um pequeno espaço banhado pela luz do sol. Quase dá vontade de nos sentarmos à varanda e escrever um pouco, mas achamos que é melhor não melindrar o legado deixado pelo brilhante Fernando Namora.


Informações úteis:
Morada: Largo Artur Barreto, nº 9 – Condeixa-a-Nova
E-mail:  casamfnamora@cm-condeixa.pt
Website: cm-condeixa.pt

Aquilino Ribeiro

Na aldeia de Soutosa, concelho de Moimenta da Beira, ergue-se o imponente edifício do século XIX para onde Aquilino Ribeiro se mudou, com 10 anos, na companhia dos seus pais. A propriedade pertencia ao avô do escritor e este acabou por herdá-la após a morte do seu pai.
A visita é dividida entre a Casa-Museu, a biblioteca e a Casa do Aldeão. O espólio do escritor, onde se contam livros, objectos pessoais, postais e fotografias encontra-se na Casa-Museu. Na biblioteca podemos andar por entre estantes que albergam um acervo de cerca de 8000 volumes. A Casa do Aldeão é uma reprodução da vivência numa habitação da época do escritor.
Aquilino Ribeiro nasceu em Sernancelhe a 13 de Setembro de 1885. Esteve intimamente ligado ao movimento republicano tendo que se exilar no estrangeiro por mais do que uma vez durante a sua vida. A extensa obra deste escritor português percorre um vasto espectro estilístico desde o romance à novela, passando pelo conto, memórias, estudos etnográficos e históricos, biografia ou mesmo a literatura infantil. É, de facto, um autor que deve descobrir.


Informações úteis:
Morada: Rua Juiz Conselheiro Aníbal Aquilino Ribeiro, Soutosa, Moimenta da Beira
Email: fundacaoaquilinoribeiro@gmail.com
Website: www.aquilinoribeiro.pt
 
Crédito foto: escritoresanorte.pt

Afonso Lopes Vieira

Em São Pedro de Moel, no concelho da Marinha Grande, sob um céu pintalgado por algumas nuvens e borrifado pela maresia, encontramos uma casa branca e amarela, outrora habitada por Afonso Lopes Vieira.
Afonso Lopes Vieira nasceu em Leiria a 26 de Janeiro de 1878. Cedo foi viver com a família para Lisboa. Formou-se em Direito na Universidade de Coimbra, chegou a exercer advocacia e foi redator na Câmara dos Deputados, mas acabou por se dedicar exclusivamente à escrita.
Foi aqui que escreveu grande parte da obra, nesta casa oferecida pelo seu pai como prenda de casamento. O poeta dividia o seu tempo entre Lisboa e São Pedro de Moel. Normalmente passava os tempos de veraneio aqui e retornava a Lisboa nos meses de Inverno. Por muitas vezes recebeu a visita dos seus amigos ligados às artes, na casa à qual chamava “Casa Nau”.
No primeiro andar encontra-se a casa-museu, que alberga vários objectos pessoais, livros e outro espólio do autor. A casa foi decorada o mais aproximadamente possível de como Afonso Lopes Vieira a deixou.
No rés-do-chão funciona parte da Colónia Balnear Afonso Lopes Vieira. O escritor doou a casa, em testamento, à Câmara Municipal da Marinha Grande para que esta criasse uma colónia balnear para os filhos dos operários do sector vidreiro (bastante importante para a economia do município), dos bombeiros e dos trabalhadores das matas nacionais. Para além disso, doou os seus livros à cidade de Leiria. Foi com este acervo que foi fundada a biblioteca municipal batizada com o seu nome. Aliás, o escritório e a biblioteca de Afonso Lopes Vieira foram transferidos para a biblioteca de Leiria com um nível de detalhe o mais próximo possível do espaço que mantinha em Lisboa. Sugerimos que a visite, é um bom complemento a esta viagem pelas palavras e memórias de Afonso Lopes Vieira.


Informações úteis:
Morada: Rua Dr. Adolfo Leitão, n.º 4 , São Pedro de Moel
Tel: +351 244 573 377
Website: www.cm-mgrande.pt
Crédito fotos 1 e 2: Município da Marinha Grande

Fernando Pessoa

No bairro de Campo de Ourique em Lisboa, mais propriamente na rua Coelho Rocha, situa-se a casa de Fernando Pessoa. É inconfundível, não só pela sinalética que a identifica como Casa-Museu, como também pelas citações que cobrem a fachada.
Foi aqui que o poeta e escritor passou os últimos quinze anos da sua vida, de 1920 a 1935. Foi a casa de Fernando Pessoa e dos seus muitos heterónimos, a casa onde os livros e as folhas manuscritas foram deixados no baú do quarto. O quarto é, aliás, uma representação do seu quotidiano onde podemos ver a cómoda original e os objectos pessoais. O pormenor do cinzeiro com beatas transporta-nos para os últimos anos de vida em que Fernando Pessoa fumava compulsivamente. Na parede estão penduradas as molduras com os diplomas. Pessoa era um aluno brilhante, mas preferiu estudar por conta própria na biblioteca nacional. O seu génio não podia ficar circunscrito a uma sala de aula.
Do lado de fora está a máquina de escrever entre outros objectos. A vitrina à frente mostra a família de Pessoa em pequenos retratos. Após a morte do segundo marido a mãe de Fernando Pessoa regressa a Portugal vinda da África do Sul. Pessoa aluga um andar neste prédio para a mãe, para a meia-irmã e os dois meios-irmãos. Mais tarde os meios-irmãos viriam a emigrar para Inglaterra.
Pessoa poucas vezes deixou a cidade enquanto adulto e quando o fez era, quase sempre a convite de terceiros portanto esta casa foi testemunha de muitas das suas obras e também do seu declínio humano.
Hoje, o prédio (não só a casa) é um museu dedicado a este que é considerado, por muitos, o melhor autor português. Existe um espaço interactivo denominado Sonhatório em que, entre muitas coisas, podemos percorrer a biblioteca de Pessoa em formato digital. No piso térreo um espaço expositivo conta a história daquela época literária.
Fernando Pessoa deixou uma obra e um contributo para a vida cultural portuguesa inestimável. O mínimo que podemos fazer é tentar conhecer um pouco da sua vida.


Informações úteis:
Morada: Rua Coelho da Rocha, 16, Campo de Ourique, Lisboa
E-mail: info@casafernandopessoa.pt
Website: casafernandopessoa.cm-lisboa.pt

José Saramago

A Casa dos Bicos, um dos edifícios mais emblemáticos e mais reconhecidos de Lisboa passou a ser ocupado pela Fundação José Saramago. A fundação foi constituída pelo próprio escritor e criada em 2007 com o intuito de difundir a literatura, a defesa dos direitos humanos e o meio ambiente.
José Saramago nasceu na aldeia de Azinhaga, Ribatejo, em 1922, no seio de uma família de camponeses. Os seus pais decidiram partir para Lisboa quando ele ainda nem tinha dois anos. Iniciou os seus estudos liceais, mas devido a constrangimentos económicos da família não pôde prosseguir a formação académica. Assim, iniciou a sua vida profissional como serralheiro mecânico, passou por várias outras profissões acabando como editor e jornalista.
No piso térreo da Casa dos Bicos vemos as ruínas de uma outra Lisboa: Olissipo, como se chamava. A velha cerca, que outrora servia para defender o núcleo urbano da cidade, recebe agora os visitantes. Noutra área, mais à frente é possível observar os antigos tanques de conservas de peixe que depois eram exportados através do Império Romano.
Mas viemos aqui em busca de José Saramago, mais propriamente do seu legado. No primeiro piso a exposição permanente “A semente e os frutos” desenrola a sua vida, o crescimento pessoal e profissional, a obra literária por entre livros e as traduções, os prémios alcançados e as anotações feitas pelo seu próprio punho. O expoente máximo é o prémio Nobel da literatura recebido em 1998. Ao dar a volta podemos espreitar através de duas aberturas na parede para uma reprodução do primeiro escritório do escritor. Imaginamos José Saramago a premir paulatinamente as teclas da antiga máquina de escrever. Que grandes obras dali saíram!
Ao subir as escadas para o quarto piso vai entrar na biblioteca/auditório. Trata-se de um espaço decorado de forma exímia, com imagens do filme “Ensaio sobre a cegueira”, realizado por Fernando Meirelles e baseado na obra de José Saramago. O ambiente escuro conduz os nossos olhos para as lombadas dos livros. Uma televisão solta uma voz masculina em direcção a meia dúzia de cadeiras. A música de fundo e as palavras emitidas prendem-nos ao chão incapazes de escapar à força do vídeo “Carta aos meus Avós” de André Raposo a partir da crónica de José Saramago “Carta para Josefa, minha avó”. É uma bela maneira de terminar a visita.
Devolvidos à rua dirigimo-nos pela calçada até ao canteiro de uma oliveira. As cinzas do único prémio Nobel português da Literatura repousam junto às raízes desta árvore vinda de Azinhaga e cobertas por terra proveniente de Lanzarote. À direita, uma única frase: “ Mas não subiu para as estrelas se à terra pertencia”.


Informações úteis:
Morada: Rua dos Bacalhoeiros, 10 – Lisboa
Website: www.josesaramago.org