O Mondego não serve só para inspirar quem quer conquistar Castelos mas igualmente para criar boa música….A prova são os Quatro e Meia uma banda de Coimbra que dá uma “nova roupagem à música tradicional portuguesa”. Alguns dos elementos da banda podem até ser “meias-lecas” mas o talento, esse, está lá por inteiro! Venha descobri-los…

Quatro e meia_collage_myownportugal

 

Como nasceu o projecto Quatro e Meia?
O projecto “Os Quatro e Meia” nasceu de um convite feito a um dos elementos para participar numa gala de angariação de fundos da Academia de Dança do Centro Norton de Matos. Na altura, as bailarinas da Academia tinham-se apurado para representar o país no estrangeiro e endereçaram o convite para que participássemos na forma de pequeno concerto, com três ou quatro temas. O Tiago e o Ricardo tinham sido colegas na mesma tuna e conheciam o Mário e o Rui, desse mesmo universo tunante. O João é um amigo de longa data do Tiago, dos tempos do ensino secundário. Na altura, o Pedro não pôde ir a essa primeira aparição pública, pelo que nos apresentámos apenas com 5 elementos e tocámos 7 temas. A recepção do público foi muito boa e nessa noite recebemos dois convites para outros eventos. Daquilo que esperávamos que fosse um acto isolado, nasceu um grupo que tem crescendo tranquilamente.

Porquê Quatro e Meia e não Cinco e um Quatro ou Seis e 1/20?
Na formação inicial do grupo éramos só cinco. O Rui, que comeu poucos “danoninhos” em criança e agora não consegue chegar às prateleiras mais altas do supermercado, é carinhosamente apelidado de “Meia-leca”. Quando estávamos prestes a entrar em palco e nos juntámos todos para acertar detalhes de última hora, houve aquele momento em que nos olhámos de alto a baixo e vimos que éramos Quatro e o “Meia”. Daí “Os Quatro e Meia”. Quando o Pedro se juntou ao grupo, por ocasião da nossa terceira apresentação, já não nos parecia lógico alterar o nome para “Os Cinco e Meia”. E em abono da verdade, o Pedro também não chega às prateleiras mais altas do supermercado, nem precisa de se baixar para passar por baixo das cancelas dos parques de estacionamento. Quanto muito, seríamos “Os Quatro e Dois Meias”…

Os vossos temas são essencialmente originais ou reinterpretações de músicas tradicionais?
Temos procurado que o repertório se vá transformando cada vez mais em algo original. Os temas da nossa autoria têm aparecido com alguma regularidade, vão substituindo alguns que são versões de músicas de outros autores, mas procuramos não forçar demasiado a criação de músicas novas. Elas vão aparecendo. Gostamos de músicas tradicionais e de músicas novas, quando são boas. Portugal tem música com muita qualidade e nós apreciamos qualquer estilo musical, pelo que a mistura que temos, neste momento, agrada-nos muito. Não negamos que as músicas mais antigas, como as popularizadas pela Amália Rodrigues, o José Afonso ou o António Variações, entre outros, nos inspiram particularmente. Crescemos em Coimbra, uma cidade que respira tradição e mística e isso influencia-nos de forma muito marcante.

O Mondego inspira-vos? E o que mais vos inspira?
A “nossa” cidade inspira-nos particularmente, sim. Crescer e estudar em Coimbra é especial e como diz uma das canções mais bonitas desta terra “aprende-se a dizer saudade”. Portugal sempre foi um país de mentes criativas e originais, por isso procuramos que a óbvia influência da cidade não esteja demasiado plasmada em tudo o que fazemos. Por vezes, temos noção de que é difícil distanciarmo-nos da imagem que temos do espaço em que passamos mais tempo, mas temos procurado, mesmo em alguns temas e letras, aproximarmo-nos da realidade de outras zonas do país. Tudo serve de inspiração. O quotidiano e o dia-a-dia são, só por si, fonte de imaginação de mundos paralelos. Temos músicas que falam de Lisboa ou do Porto, o que espelha também o que estamos a dizer. Não vivemos lá, mas colocamo-nos no lugar de quem o faz e isso é um exercício criativo muito interessante. De resto, somos inspirados por tudo o que é lógico, o amor, a perda, a nostalgia, os afectos, a alegria, as festas, as tradições, o campo, a cidade, o mar, a lua,… podíamos passar um dia inteiro a enumerar elementos!

Os elementos dos Quatro e Meia já tinham um passado musical ou este é a vossa primeira experiência no mundo da música?
Todos têm um passado musical, essencialmente amador. O único músico de profissão é o João. Costumamos dizer que é o único que precisa de pautas para tocar as músicas, porque, em rigor, é o único que as sabe ler 😉 ! Os restantes, aqui e ali foram fazendo a sua aprendizagem num ritmo secundário. Na universidade, todos forando estando activos, musicalmente falando, uma vez que o Pedro, o Ricardo e o Tiago fizeram parte da Tuna de Medicina da Universidade de Coimbra e o Mário e o Rui da Quantunna – Tuna Mista da F. C. T. da Universidade de Coimbra. O João também fez parte da TAUC – Tuna Académica da Universidade de Coimbra.

Lançaram há pouco tempo um vídeo, o disco já está agendado?
O disco não está agendado. Está a ser construído aos poucos, sem quaisquer pressas. Na verdade, vamos gravando alguns temas, quando temos tempo para ir até ao estúdio e materializar as nossas ideias. Temos vários temas “na gaveta” que ainda não estreámos, porque entendemos que têm de ser melhor trabalhados, mas acreditamos no que vamos fazendo e talvez, em pouco tempo, tenhamos material para lançar um álbum com a qualidade que pretendemos.

O que é que podemos encontrar na vossa caixa de música?
A nossa caixa tem 6 divisórias! Os nossos gostos são muito variados e isso está patente no nosso repertório. Na caixa do João deve estar Mozart, Paganini ou Vivaldi. Na caixa do Mário é capaz de estar Astor Piazzolla, Beirut ou Yann Tiersen. Na do Pedro deve haver Jamiroquai, Dave Matthews Band ou Danças Ocultas. Na do Ricardo talvez Jimi Hendrix, The Strokes e Queens of the Stone Age. Na do Rui deve constar Diabo na Cruz, Anaquim e Azeitonas. Na do Tiago deve haver Chico Buarque, Jorge Palma ou Jorge Drexler. É uma caixa enorme. Na verdade, todos gostam um pouco de tudo.

Definem-se mais como sendo dentro ou fora da Caixa?
De dentro e de fora. Não há estilos melhores que outros. Não há boa e má música. Há ambientes, contextos, estados de espírito e momentos. Tanto vamos buscar material guardado na caixa e procuramos reinventá-lo, como tentamos pegarem algo de fora da caixa e fazer uma artimanha para que se integre lá dentro.

Onde é que podemos ouvir os Quatro e Meia?
Ao vivo, para já, em Coimbra, a 6 de Fevereiro, na Figueira da Foz a 19 de Março, em Espinho no final de Abril e em mais alguns locais que serão publicitados a seu tempo. Até lá, existe a nossa página de facebook “Os Quatro e Meia” e a página www.osquatroemeia.com. No youtube é possível encontrar, também, alguns filmes que vão sendo disponibilizados e, brevemente, lançaremos mais. Para já, fica mesmo o convite de visitarem e disfrutarem de todo esse material online e, acima de tudo, de nos encontrarmos pessoalmente, a 6 de Fevereiro, no Teatro da Cerca de São Bernardo, em Coimbra!

Mais informação sobre a banda:www.osquatroemeia.com

 

Crédito foto: Os Quatro e Meia