Mata Nacional de Leiria_Rita-Gomes_MyOwnPortugalRita Matos Gomes 

Técnica Superior, Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, IP

 

 

 

 

 

 

 

A Mata Nacional de Leiria (MNL) propriedade do Estado Português, tem cerca de 11 000 ha, e localiza-se no litoral do concelho da Marinha Grande, ocupando uma área de cerca de 2/3 deste município.

A sua origem remonta a tempos anteriores ao reinado de D. Dinis. A ele se deve a criação da primeira administração que veio gerir a Mata da Coroa com o objectivo de estabilizar as dunas e proteger os campos agrícolas dos ventos e das areias trazidas pelo mar.

Em 1824 foi criada a Administração Geral das Matas do Reino, sediada na Marinha Grande, para administração dos pinhais das dunas do litoral.

O primeiro Plano de Ordenamento data 1852, tendo sido introduzido o sistema de gestão por talhões, que ainda hoje se mantem.

Há uma centena de anos atrás procedeu-se aos difíceis trabalhos de fixação e consolidação da duna primária do litoral. Essa área de mais recente arborização, com cerca de 2000 ha, localiza-se a Poente dum conjunto dunar de maior altitude, orientado no sentido Norte/Sul e na zona do talhão 139 atinge a sua altura máxima (120 metros), constituindo a segunda duna mais alta da europa.

Esta zona, entre a linha de costa e este sistema dunar, que se estende da Praia da Vieira a São Pedro de Moel, encontra-se classificada como área de protecção devido às suas características e fragilidades, sendo aí efetuados apenas os cortes de arvoredo estritamente necessários.

A restante área compõe-se de pinhal de produção, competindo ao ICNF assegurar a sua gestão de forma sustentada, através da renovação das áreas cortadas ou ardidas, a condução dos pinhais, a sua desramação e cortes de mato, os desbastes, todas as operações relacionadas com a aplicação das técnicas duma boa gestão, bem como o corte final dos povoamentos.

A MNL encontra-se dividida em rectângulos com uma área aproximada de 35 ha, denominados talhões. Estes são definidos por faixas paralelas desarborizadas, denominadas aceiros (orientação N/S – 10m largura) e arrifes (orientação E/O – 5m largura) que têm como finalidade, para além da definição física dos talhões e dos acessos aos mesmos, o papel de defesa contra incêndios.

Os cortes finais do pinhal realizam-se aos 80 anos de idade. Ao longo deste período, são feitas selecções do povoamento através de desbastes, nos quais são cortados e retirados os exemplares com piores características. Deste modo, são os melhores pinheiros que permanecem até ao corte final, que vão produzir madeira de melhor qualidade, bem como a semente que dará origem aos novos povoamentos, que assim vão tendo as suas características melhoradas ao longo das gerações.

A Mata Nacional de Leiria é hoje um exemplo internacional de floresta sustentável, e  destaca-se como a primeira grande “escola” silvícola da arborização de Portugal.  Ao mesmo tempo que tem vindo a permitir a exploração de madeira de pinheiro bravo desde há cerca de 700 anos atrás, é também detentora de um notável património histórico e cultural, que constitui um legado patrimonial de grande importância nacional.

Além da gestão e exploração florestal realizada pelo Estado, a mata possui ainda uma componente económica, social e ambiental muito importante para a população residente e para quem a visita.

Tem sido de fonte de inspiração de artistas na criação das suas obras, mas também de matérias- primas para as Carvoarias do Pilado e da Garcia que, ainda hoje, produzem o carvão vegetal através de métodos tradicionais, sendo ainda utilizada para fins desportivos e lúdicos.

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