Rota do Românico

Percurso Vale do Tâmega

Este mês descubra…

A Rota do Românico- Percurso “Vale do Tâmega”

Soube a pouco apenas uma visita a esta paisagem fantástica e a uma região cheia de história. Voltámos, novamente, à Rota do Românico para enveredar por entre paredes de granito, espreitar por trás de retábulos, descobrir frescos e murais antigos, talvez pisar o mesmo chão por onde passaram as nobres famílias dos Portocarreiros, de Soalhães, dos Gundar ou mesmo da beata Mafalda, que fundou muitos monumentos nesta região.

Nesta viagem tivemos a oportunidade de assistir pessoalmente à intervenção que a Rota do Românico tem na recuperação e restauro de verdadeiros testemunhos do que foi a nossa história.

Se na edição do Vale do Sousa visitámos 19 monumentos, desta vez, subimos a parada e percorremos 25 numa viagem que é para continuar.

Agradecemos, mais uma vez, a toda a equipa da Rota do Românico por nos mostrarem tão rico património.

Regressem connosco ao princípio da portugalidade!


Para seguir o nosso roteiro passo a passo, subscreva a nossa newsletter.

Igreja de São Pedro de Abragão

Igreja de São Gens de Boelhe

Igreja do Salvador de Cabeça Santa

Mosteiro de Santa Maria de Vila Boa Bispo

Igreja de Santo André de Vila Boa de Quires

Igreja de Santo Isidoro de Canaveses

Igreja de Santa Maria de Sobretâmega

Igreja de São Nicolau de Canaveses

Igreja de São Martinho de Soalhães

Igreja do Salvador de Tabuado

Ponte do Arco

Igreja de Santa Maria de Jazente

Ponte do Fundo de Rua

Igreja de Santa Maria de Gondar

Igreja do Salvador de Lufrei

Igreja do Salvador de Real

Mosteiro do Salvador de Travanca

Mosteiro de São Martinho de Mancelos

Mosteiro do Salvador de Freixo de Baixo

Igreja de Santo André de Telões

Igreja de São João Baptista de Gatão

Castelo de Arnoia

Igreja de Santa Maria de Veade

Igreja do Salvador de Ribas

Igreja do Salvador de Fervença

Igreja de São Pedro de Abragão

Já em 1105 que a Igreja de São Pedro de Abragão era referida. Ao longo dos séculos, foi alvo de várias reconstruções, recuperações e obras de restauro sendo que a última ficou a cargo da Rota do Românico. A viagem pelo vale do Tâmega começa aqui, numa igreja que ainda mantém a cabeceira com estilo românico.

No exterior da capela-mor é observável um friso composto por motivos geométricos que poderá ter influências moçárabes e visigóticas. Lá dentro, a cabeceira retangular é constituída por dois tramos ritmados e por contrafortes escalonados. A decoração da capela é de temática vegetalista incluindo o arco triunfal que é encimado por uma rosácea em forma de estrela de cinco pontas.

As bases bolbiformes, as colunas adossadas e os capitéis, muito volumosos em relação à pouca altura da cabeceira, apresentam temas decorativos semelhantes aos do portal principal do Mosteiro de Travanca (Amarante). O retábulo em talha dourada já é da época barroca

Não podemos deixar de referir o contraste existente entre as paredes caiadas de branco da nave e o mural em tons de azul da parede do arco triunfal que transmite uma luz e um carácter únicos a esta igreja.

Em 2006, ao fazer-se obras num edifício (que foi usado como oficina do ferreiro) de apoio à Junta de Freguesia começaram a descobrir peças, umas aparelhadas, outras esculpidas, pertencentes à antiga nave da igreja. Foram encontrados capitéis, bases, fustes e aduelas pertencentes a um portal que levam a concluir que a nave teria enormes dimensões pouco comuns para a época. Estas peças constituíram o mote para a edificação do Centro de Interpretação da Escultura Românica, na proximidade da Igreja de Abragão.


Informações úteis
Morada: Rua Paçal,  Abragão,  Penafiel
GPS: 41° 9′ 26.601″ N / 8° 13′ 20.889″ O 
Marcação de Visitas: rotadoromanico@valsousa.pt 
Website: www.rotadoromanico.com

 

Igreja de São Gens de Boelhe

A Igreja de São Gens de Boelhe destaca-se imediatamente, não só pela sua reduzida dimensão, mas também pela paisagem deslumbrante ao seu redor.

Localizada numa vertente do rio Tâmega, a igreja desprovida de culto e quase despida no interior ainda preserva o carinho dos habitantes.

A tradição atribui a fundação da Igreja de Boelhe a D. Mafalda, filha de D. Sancho I, ou à sua avó com o mesmo nome. Mas a teoria de que terá sido a beata Mafalda ganha vantagem pois esta foi criada por Urraca Viegas de Ribadouro, patrona do mosteiro de Tuías (Marco de Canaveses), na honra de Louredo, propriedade da sua educadora. Este facto deve ter contribuído para alicerçar a tradição de ter sido D. Mafalda, a beata, a fundadora de Boelhe e Abragão.

A igreja de uma só nave e cabeceira retangulares apresenta grande qualidade de silhares onde são visíveis marcas de meia dúzia de canteiros diferentes.

A decoração é muito acima da média, nomeadamente nos capitéis com palmetas executadas a bisel, típicas do “românico rural” da bacia do Sousa, ornatos gráficos de cruzes dentro de círculos que apontam para influências decorativas das arquiteturas pré-românicas das épocas visigóticas e moçárabes.

A qualidade da decoração está espelhada também na cachorrada, especialmente no lado norte, com motivos que vão desde cabeças de touro até homens que transportam pedra ou elementos geométricos.

O portal é muito parecido com os das igrejas de Unhão, Airães e Sousa, no concelho de Felgueiras. Muitos dos elementos que nos chegaram até hoje são fruto da interpretação feita durante a remodelação realizada pela Direção Geral de Edifícios e Monumentos Nacionais entre 1929 e 1948, pelo que muitas características do românico foram deturpadas.


Informações úteis:
Morada: Largo da Igreja, Boelhe, Penafiel
GPS: 41° 8′ 5.85″ N / 8° 14′ 33.41″ O
Marcação de Visitas: rotadoromanico@valsousa.pt 
Website: www.rotadoromanico.com

 

Igreja do Salvador de Cabeça Santa

Esta igreja, datada das primeiras décadas do séc. XIII, surgia nas Inquirições de 1258 como “do Salvador da Gândara”. Só nos finais do séc. XVII começa a ser denominada de “Cabeça Santa” devido a um crânio guardado em relicário de prata e exposto num altar na nave da igreja.

A semelhança arquitetural e decorativa com a Igreja de São Martinho de Cedofeita e, por conseguinte, com a Sé do Porto, não é despicienda uma vez que podem ser vistos paralelos nos arranjos nos portais, nas esculturas, no arco cruzeiro e nos capitéis.

Já que estamos dentro do templo, poderá notar o despojamento de cor, de altares, pinturas, imagens ou outro tipo de mobiliário litúrgico. A grande diferença está na Capela de Nossa Senhora do Rosário, revestida a azulejo em harmonia com a talha dourada e a madeira em pau-preto. Um magnífico trabalho em estilo barroco.

Voltando ao exterior pelo portal ocidental irá deparar-se com um tímpano onde assentam cabeças de bovídeos e capitéis com aves afrontadas. Num dos capitéis aparece a figura de um homem preso nas mandíbulas de um animal que poderá ser interpretado como o Homem aprisionado pelo pecado.

Na saída lateral encontrará outro personagem peculiar: um saltimbanco parece estar em plena demonstração das suas habilidades contorcendo-se num dos capitéis ao lado de seres fantasiosos e aves afrontadas.

Antes de partir, não deixe de passar pelas três sepulturas escavadas na rocha que se encontram no adro da igreja.


Informações úteis:
Morada: Praça Carlos Pereira Soares, Cabeça Santa, Penafiel
GPS: 41° 7′ 55.394″ N / 8° 16′ 48.143″ O
Marcação de Visitas: rotadoromanico@valsousa.pt
Website: www.rotadoromanico.com

Mosteiro de Santa Maria de Vila Boa do Bispo

A tradição diz que este mosteiro foi fundado entre 990 e 1022 por D. Monio Viegas, irmão de D. Sisnando, bispo do Porto entre1049 e 1085, erigido no local onde houve uma contenda entre cristãos e mouros onde D. Sisnando acabou por cair por terra.

Referido nos séc. XI e XII como “Mosteiro de Santa Maria de Vila Boa”, este mosteiro estava já ligado aos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho em meados do séc. XII e intimamente ligado à poderosa família dos Gascos de Ribadouro. Nos séc. XIII e XIV era um dos mosteiros mais ricos e poderosos da região.

Na frontaria da igreja encontramos os elementos mais originais da época românica. Embora incompletas, as duas arcadas cegas que ladeiam o portal principal, totalmente remodelado na época moderna, ainda é possível ver sobre as aduelas, animais afrontados.

Vila Boa do Bispo poderá bem ser um exemplo único na arquitetura românica portuguesa devido à forma de decorar a fachada que reflete influência estrangeira.

Dentro do templo, as paredes brancas da nave contrastam com a talha dourada ostensiva do altar e do arco triunfal.

No teto da capela-mor, foram descobertas, em 2006, magníficas pinturas seiscentistas representando temas hagiográficos.


Informações úteis:
Morada: Av. P. António da Cunha Machado, Vila Boa do Bispo, Marco de Canaveses
GPS: 41° 7′ 49.40″ N / 8° 13′ 13.79″ O
Marcação de Visitas: rotadoromanico@valsousa.pt 
Website: www.rotadoromanico.com

 

Igreja de Santo André de Vila Boa de Quires

A igreja de Santo André de Vila Boa de Quires, uma das mais elaboradas da região do Baixo Tâmega, foi fundada seguramente antes de 1118 pois já constava de escritos dessa época.

A fachada compõe-se de dois registos: o portal principal e o janelão imediatamente acima. Este modelo é similar ao da Igreja de Barrô (Resende) e deriva da Sé de Coimbra.

A janela mainelada, dotada de tímpano de cruz vazada (ou seja, com abertura para o interior), é ladeada por arquivoltas alongadas, assentes sobre colunas com capitéis esculpidos.

O portal tem influências do Mosteiro de Paço de Sousa (Penafiel) com os seus capitéis de motivos vegetalistas. As mísulas apresentam a forma de cabeças de bois tal como na Igreja do Salvador do Tabuado.

Dentro do edifício sobressai a cor da capela-mor em contraste com as paredes nuas da nave.

O arco triunfal, composto por três arquivoltas, ostenta capitéis onde estão esculpidas palmetas e sereias de caudas entrelaçadas.

Na capela-mor, o retábulo-mor é neoclássico e as paredes estão forradas com azulejo característico da primeira metade do séc. XVII. O conjunto fica completo com as pinturas da abóbada que narram as cenas do Processo e da Paixão de Cristo cujo percurso termina na pintura sobre o arco triunfal, na nave.


Informações úteis:
Morada: Rua de Santo André, Vila Boa de Quires, Marco de Canaveses
GPS: 41° 12′ 29.38″ N / 8° 12′ 5.16″ O
Marcação de Visitas: rotadoromanico@valsousa.pt
Website: www.rotadoromanico.com

Igreja de Santo Isidoro de Canaveses

Esta pequena igreja foi provavelmente construída na segunda metade do séc. XIII e é um exemplo de vários dialetos da arquitetura românica, como o românico portuense (toros das arquivoltas), românico do vale do Sousa (alternância entre fustes prismáticos e cilíndricos) e o românico bracarense (palmetas).

As mísulas de ambos os lados comprovam a existência de alpendres. Se as do lado norte são lisas e quadrangulares, já as do lado sul apresentam motivos ornamentais. Quais motivos? Bem… Um falo, por exemplo. Sim, leu bem. Esta igreja apresenta um motivo fálico na sua ornamentação. Porquê? Poderá ser reminiscências da arte romana e dos cultos pagãos. Não nos poderemos esquecer que o profano ficava do lado de fora da igreja e lá dentro reinava o divino.

No interior, as paredes da nave são frias e cruas e o ambiente escuro. Na capela-mor, antecedida por um arco ligeiramente quebrado, já não se encontra o conjunto retabular devido a uma intervenção em 1977. Em vez dele, surge um mural, assinado pelo pintor Moraes, na parede fundeira e nas paredes laterais. Do artista pouco se sabe, mas o tríptico diante de nós ostenta a Virgem com o Menino e Santa Catarina de Alexandria. Nota-se perfeitamente que falta algo à imagem e apontam-nos os vestígios de um báculo e a parte inferior de um manto. Certamente que ao centro estaria o orago da igreja, mas onde está Santo Isidoro? Pelo menos sabemos da cabeça dele. Está discretamente exposta junto ao altar.

Nas paredes adjacentes vemos São Miguel a pesar as almas e, do lado oposto, São Tiago representado como um peregrino. É também tempo para seguirmos na nossa própria “peregrinação” pela Rota do Românico.


Informações úteis:
Morada: Largo P. Manuel R. Gomes, Santo Isidoro, Marco de Canaveses
GPS: 41° 12′ 27.49″ N / 8° 8′ 39.07″ O
Marcação de Visitas: rotadoromanico@valsousa.pt 
Website: www.rotadoromanico.com

Igreja de Santa Maria de Sobretâmega

Chegar à Igreja de Santa Maria de Sobretâmega é criar uma ligação com o rio, é deixarmo-nos perder nas águas calmas que banham Marco de Canaveses.

Estamos na margem direita do rio Tâmega, no cimo de um outeiro com vista para a nova ponte. Uma pequena igreja, exemplo do que é o chamado “Românico de Resistência”, eleva-se sóbria e fechada sobre si própria, sem colunas nem capitéis no portal de entrada.

As frestas deixam entrar a luz suficiente para iluminar as paredes brancas da nave. No interior pouco resta do românico, tendo sido substituído por estilos modernos como o retábulo-mor em talha dourada do chamado estilo nacional.

Do outro lado do rio, a Igreja de São Nicolau de Canaveses chama-nos. Na era medieval, D. Mafalda, filha de D. Sancho I, terá edificado a travessia de Canaveses. A ponte, de dimensões extraordinárias para a época (teria 5 arcos), foi substituída por uma outra em 1940 e algumas décadas depois, submersa como consequência da construção da barragem do Torrão (Marco de Canaveses).


Informações úteis:
Morada: Rua da Igreja, Sobretâmega, Marco de Canaveses
GPS: 41° 11′ 41.56″ N / 8° 9′ 42.09″ O
Marcação de Visitas: rotadoromanico@valsousa.pt
Website: www.rotadoromanico.com

Igreja de São Nicolau de Canaveses

Na margem esquerda do rio Tâmega vamos encontrar a irmã da Igreja de Santa Maria de Sobretâmega, a Igreja de São Nicolau de Canaveses, situada junto à antiga ponte de Canaveses, agora submersa devido à construção da barragem do Torrão. Apesar da sua escassa população, o burgo de Canaveses manteve uma importância que era bastante relevante ainda no séc. XIV. Foi aqui que se assentou a paz entre pai e filho, o rei D. Afonso IV (r. 1325-1357) e D. Pedro I (r. 1357-1367) no dia 5 de Agosto de 1355.

Esta pequena igreja é mais um exemplo do “Românico de Resistência” pela ausência de ornamentação no portal ocidental assim como de colunas. É composta por uma única nave e capela-mor retangular. Escusado será dizer que os grandes janelões não são da época do românico.

Digno de destaque é o que resta da pintura mural, descoberta acidentalmente em 1973, quando se fazia a eletrificação da igreja. Além do seu número significativo, o conjunto mural de São Nicolau prima pelo facto de, estilisticamente, apresentar uma relação evidente com testemunhos de outras igrejas das proximidades, nomeadamente: Valadares (Baião); Gatão (Amarante) e Vila Verde (Felgueiras).


Informações úteis:
Morada: Rua de São Nicolau, São Nicolau, Marco de Canaveses
GPS: 41° 11′ 33.14″ N / 8° 9′ 41.05″ O
Marcação de Visitas: rotadoromanico@valsousa.pt
Website: www.rotadoromanico.com

Igreja de São Martinho de Soalhães

Esta é mais uma daquelas igrejas com um enquadramento soberbo. Situada num espaço amplo, com vista para as serras em volta, a Igreja de São Martinho de Soalhães ainda transmite a importância que teve na época medieval, primeiro como mosteiro e depois como igreja paroquial.

O portal principal, já proto-gótico, sem tímpano e com as arquivoltas a apoiarem-se sobre colunas cujos capitéis estão esculpidos com motivos vegetalistas e animalistas.

Ao dar dois passos para dentro da nave temos que parar e dar tempo aos nossos olhos para recuperar fôlego. Os azulejos em azul-cobalto, as imagens em relevo nas laterais, os inúmeros caixotões no teto que levam os nossos olhos até à capela-mor. Nota-se o “horror ao vazio” característico de estilos mais modernos. De facto, parece que nada ficou por decorar.

Comparada com a nave, a capela-mor é particularmente despojada de ornamentação. A única marca do prestígio patronal é o túmulo que deve ter recebido o corpo de algum dos primeiros morgados ou dos seus descendentes entre o séc. XIII e XIV.

A Igreja de São Martinho de Soalhães foi uma das grandes surpresas desta Rota, pelo contraste existente entre a simplicidade exterior e a beleza exuberante do interior. A não perder.


Informações úteis:
Morada: Avenida da Igreja, Soalhães, Marco de Canaveses
GPS: 41° 9′ 37.94″ N / 8° 5′ 48.39″ O
Marcação de Visitas: rotadoromanico@valsousa.pt
Website: www.rotadoromanico.com

Igreja do Salvador de Tabuado

O que chama a atenção logo à partida na Igreja do Salvador de Tabuado é o campanário colado à fachada principal do templo. Cria um efeito perpendicular distintivo dos outros edifícios da Rota.

O portal principal destaca-se pela qualidade da sua conceção. O tímpano apoiado sobre as mísulas em forma de cabeças de boi, às pérolas, os animais afrontados, o desenho do arco envolvente que forma uma rede de losangos e as “semi-esferas” ou pérolas, motivos recorrentes no românico do vale do Tâmega.

Lá dentro vemos novamente os silhares lisos, as paredes cruas muito ao imaginário do que as intervenções do séc. XX tinham da época medieval. As frestas lá estão para deixar passar a luz necessária para iluminar a pouca decoração tanto na nave como na capela-mor.

Foi durante uma profunda intervenção que se descobriu a única pintura mural remanescente nesta igreja, na parede fundeira da abside. Trata-se de uma imagem de Cristo Salvador ladeado por São João Baptista e por São Tiago. Realizada nos inícios do séc. XVI, a pintura mural de Tabuado é um exemplar único, pois não se conhece outra obra realizada pela mesma oficina que a concebeu.


Informações úteis:
Morada: Rua da Igreja, Tabuado, Marco de Canaveses
GPS: 41° 11′ 9.51″ N / 8° 7′ 11.54″ O
Marcação de Visitas: rotadoromanico@valsousa.pt
Website: www.rotadoromanico.com

Ponte do Arco

Viajando por uma estrada, que se torna em terra batida, chega-se à Ponte do Arco. A ponte está envolta por uma paisagem luxuriante onde o rio Ovelha passa sem pressa.

Até ao séc. XIX encontrava-se no âmago do concelho de Gouveia. Atualmente liga as margens de duas paróquias, Folhada e Várzea da Ovelha e Aliviada.

Trata-se de uma ponte de um único arco, de grandes dimensões, sobre o qual se sustenta um tabuleiro em cavalete, com as suas guardas.

Apesar do seu aspeto românico, é provável que a sua construção tenha acontecido no período moderno, durante o qual se continuariam a reproduzir modelos que provinham da Idade Média. O facto de não usar um arco quebrado indica uma construção mais tardia.

Onde não há dúvida é no querer ficar eternamente neste lugar e absorver os sons da natureza.


Informações úteis:
Morada: Rua do Arco, Folhada, Marco de Canaveses
GPS: 41° 13′ 19.72″ N / 8° 5′ 17.22″ O
Marcação de Visitas: rotadoromanico@valsousa.pt
Website: www.rotadoromanico.com

Igreja de Santa Maria de Jazente

A Igreja de Santa Maria de Jazente começou por ser uma instituição monástica. No séc. XIV, as monjas e abadessas ainda eram documentadas. A edificação deste templo deverá situar-se nos últimos anos do séc. XIII ou no princípio do séc. XIV.

Os aspetos ligados com o “Românico de Resistência” são evidentes. O portal principal não apresenta colunas, nem decoração de maior, exceto uma pequena cruz patada vazada, os cachorros são lisos e de perfil quadrangular. No portal sul vemos cinco aberturas circulares posicionadas em cruz e envoltas por um duplo círculo inciso no granito.

No interior reina, novamente, a simplicidade. Na última intervenção de recuperação por parte da Rota do Românico, as paredes ganharam uma nova vida com a pintura branca que reflete e amplifica a luz que entra pelas frestas.

Digno de nota é o arco triunfal que, embora quebrado, mais parece um arco abatido. Na capela-mor, azulejos mudéjares repetem um motivo floral estilizado.

Em Santa Maria de Jazente é, também, possível observar a imagem da Virgem com o Menino, que remonta à segunda metade do séc. XV. Produzida em pedra calcária, policromada, esta peça segue os parâmetros dos modelos góticos, apresentando a devoção da mãe e o amor filial com o menino a tocar-lhe no rosto.


Informações úteis:
Morada: Rua da Igreja, Jazente, Amarante
GPS: 41° 14′ 37.93″ N / 8° 3′ 28.72″ O
Marcação de Visitas: rotadoromanico@valsousa.pt
Website: www.rotadoromanico.com

Ponte de Fundo de Rua

Edificada onde é, hoje, o Lugar de Rua, classificado como Aldeia de Portugal pela Associação do Turismo de Aldeia, a Ponte de Fundo de Rua encontrava-se num dos dois trajetos que enfrentavam a serra do Marão.

Obra do período moderno, talvez de 1630 como consta na base do cruzeiro da margem esquerda, esta ponte deverá ter sido construída no local onde existiria uma outra da época medieval.

Trata-se de uma ponte pétrea, sustentada por quatro arcos desiguais (sim, olhe atentamente, há uns maiores que outros), sobre os quais assenta um tabuleiro ligeiramente levantado, acima do arco maior. Os pilares são protegidos, a montante, por talha-mares aguçados e, a jusante, por contrafortes.

A importância histórica desta ponte é assinalada ao longo dos tempos. Sofreu as consequências das invasões francesas em 1809 tendo sido, posteriormente, imortalizada nos romances de Camilo Castelo Branco.

A área envolvente é incrível e convida ao repouso. Podemos esticar-nos por uns momentos sobre o manto verde, ou molhar os pés nas águas frescas e calmas do rio Ovelha. O bar de apoio, que deverá abrir apenas em época de verão, é uma mais-valia para o usufruto pleno desta paisagem.


Informações úteis:
Morada: Rua de Ovelha e Honra do Marão, Aboadela, Amarante
GPS: 41° 16′ 38.36″ N / 7° 59′ 43.82″ O
Marcação de Visitas: rotadoromanico@valsousa.pt
Website: www.rotadoromanico.com

Igreja de Santa Maria de Gondar

Pequena igreja dedicada à virgem Maria. A sua fundação está ligada à linhagem dos de “Gundar”. Esta família controlou uma vasta área na região envolvente, quer a nível geográfico, quer social. Esta abadia foi local de acolhimento para as filhas dos “Gundar” que depois acabou por ser convertido em panteão familiar. A ordem feminina que frequentava este espaço foi extinta pelo bispo do Porto e entregue ao secular. O primeiro pároco, Pedro Afonso, foi o responsável por trazer uma das peças mais icónicas deste lugar (e que agora está na nova igreja da freguesia): a Nossa Senhora da Cadeira, uma imagem em que a virgem surge sentada a amamentar o seu filho.

Os traços do românico presentes neste templo apontam para uma construção tardia, nos finais do séc. XIII ou no princípio do séc. XIV. O portal principal já não apresenta nenhum dos ornamentos típicos do românico. Não tem colunas, as arquivoltas apoiam-se sobre os pés-direitos e o tímpano é liso. O único elemento decorativo encontra-se na arquivolta externa onde é visível o motivo do enxaquetado.

Por dentro, a igreja encontra-se praticamente despida. O cinzento das paredes graníticas e no pavimento é apenas cortado por uma pintura mural que adorna o intradorso do nicho da parede fundeira.

Não perca a oportunidade para visitar a aldeia de Ovelhinha, na margem do rio Fornelo. Esta Aldeia de Portugal foi incendiada durante as invasões francesas, conservando ainda hoje algumas casas então destruídas.


Informações úteis:
Morada: Lugar do Mosteiro, Gondar, Amarante
GPS: 41° 15′ 48.73″ N / 8° 1′ 53.19″ O
Marcação de Visitas: rotadoromanico@valsousa.pt
Website: www.rotadoromanico.com

Igreja do Salvador de Lufrei

Como muitos edifícios pertencentes a ordens monásticas, também a Igreja do Salvador de Lufrei foi construída num fértil vale junto à confluência de dois pequenos cursos de água.

Este templo é um testemunho do Românico de Resistência tal como outros desta região. Isenta de detalhes decorativos esculpidos, a Igreja de Lufrei é apenas iluminada por estreitíssimas frestas posicionadas em pontos-chave do edifício: sobre o portal principal e sobre o arco cruzeiro e apenas uma em cada alçado da nave. Os cachorros de perfil quadrangular são lisos, testemunho do seu caráter tardio, assim como o arranjo dos portais, que se inscrevem na espessura dos muros, sem colunas ou tímpanos.

No interior são poucos os vestígios, do românico, visíveis. Apenas sentimos o espírito românico desta igreja pelas frestas que iluminam de forma ténue ou pela dimensão do vão do arco triunfal que fecha à intimidade a capela-mor.

Na parede norte da nave merece destaque a figuração a fresco de um Santo André, acompanhada de uma inscrição de 1608.


Informações úteis:
Morada: Rua da Igreja, Lufrei, Amarante
GPS: 41° 16′ 25.04″ N / 8° 3′ 15.84″ O
Marcação de Visitas: rotadoromanico@valsousa.pt
Website: www.rotadoromanico.com

Igreja do Salvador de Real

A Igreja do Salvador Real faz jus ao nome ao elevar-se sob o caminho que nos leva até ela. Por já não ter culto desde 1938, quando foi construída a nova igreja da freguesia, encontrava-se num estado de degradação avançada que a Rota do Românico, em boa hora, contrariou através de uma intervenção de fundo.

A igreja ainda apresenta alguns traços do Românico, contudo, a sua construção tardia, talvez já no séc. XIV, explica a ausência de tímpano, no portal principal. As colunas são encabeçadas por capitéis com escultura pouco volumosa e as duas arquivoltas, além de serem quebradas, são toreadas. Uma adaptação de uma influência do românico portuense que ali terá chegado por via do Mosteiro de Travanca (Amarante).

Antes da intervenção da Rota do Românico, o interior mostrava um arco triunfal formado de duas arquivoltas. O caracter despojado desta igreja é acentuado pelo revestimento a estuque que a cobre na totalidade, fazendo sobressair as cruzes de sagração românicas, patadas e inscritas em círculo.

A intervenção que esta Igreja está a sofrer deixa-nos esperançosos em relação ao seu futuro e ao melhoramento da área envolvente.


Informações úteis:
Morada: Rua da Igreja Velha, Real, Amarante
GPS: 41° 15′ 22.52″ N / 8° 9′ 42.23″ O
Marcação de Visitas: rotadoromanico@valsousa.pt
Website: www.rotadoromanico.com

Mosteiro do Salvador de Travanca

A imponência deste monumento vê-se e sente-se à medida que se desce a estrada em direção ao vale. Um edifício granítico e austero recebe-nos junto à torre de aspeto militar.

A fundação do mosteiro tem vindo a ser tradicionalmente atribuída a Garcia Moniz (1008-1066), filho de Monio Viegas, o Gasco, que é apontado como o fundador do Mosteiro de Vila Boa do Bispo (Marco de Canaveses). Estes dois mosteiros estão, assim, ligados por via “familiar”.

O poder e riqueza deste templo estão bem patentes no conjunto monumental medieval, igreja e torre, esta uma das mais altas da época medieval em Portugal.

O portal principal é bastante ornamentado devido às arquivoltas com toros diédricos, influência do românico portuense, das mísulas em forma de bovídeo que sustentam o tímpano liso e uma fileira de mísulas retangulares que foram acrescentadas num restauro realizado na década de 1930. Mas aquilo que mais distingue este portal é precisamente a escultura dos seus capitéis, bastante saliente, pequena e muito delicada, considerada a melhor da região.

A igreja é iluminada por estreitas frestas, sendo que as que iluminam a nave central são mais ornamentadas, inclusive com colunas que sustentam toros dimétricos.

Por dentro a grandiosidade do espaço contrasta com o seu aspeto fechado. Estamos perante um dos mais ritmados espaços da arquitetura românica portuguesa. Os arcos, ora de volta perfeita, ora quebrados, estão apoiados em colunas cujos capitéis são ornamentados para cumprir uma função catequética.

Aventuramo-nos pela sacristia para onde foi transferida o remanescente da escultura e da pintura que se distribuía ao longo dos retábulos laterais e colaterais. No teto, caixotões mostram pinturas de semântica religiosa.

Sem dúvida um dos monumentos mais imponentes e impressionantes da Rota do Românico.


Informações úteis:
Morada: Rua do Mosteiro, Travanca, Amarante
GPS: 41° 16′ 40.43″ N / 8° 11′ 35.21″ O
Marcação de Visitas: rotadoromanico@valsousa.pt
Website: www.rotadoromanico.com

Mosteiro de São Martinho de Mancelos

Um amplo adro leva-nos até à fachada do Mosteiro de São Martinho de Mancelos onde uma figura alva, representando São Martinho, nos observa imóvel.

Localizado em terrenos férteis, este cenóbio já existia, pelo menos, em 1120 segundo dados da Bula de Calisto II.

O primeiro arco deixa-nos entrar para a galilé, com alguns sinais de deterioração, mas que acrescentam valor a este templo. Até porque não são muitos os monumentos que ainda conservam a galilé, ou nártex.

O portal principal apresenta quatro arquivoltas ligeiramente quebradas que repousam sobre elegantes capitéis onde as esculturas já denunciam o estilo gótico que aí vinha, motivos fitomórficos, vegetalistas adornam esses mesmos capitéis. O tímpano é sustentado por duas mísulas onde foram esculpidas duas figuras, ao modo de atlantes, uma feminina, outra masculina.

Lá dentro imperam novamente os silhares de granito, cinzentos e lisos. Destacam-se os dois altares colaterais e um lateral de cor clara e a pintura da Virgem do Rosário, envolta numa orla amendoada de rosas. A capela-mor é dominada por um retábulo joanino que ocupa toda a parede fundeira onde a talha dourada predomina.

Saímos por uma porta lateral para o que seria o claustro. Uma vasta e incontrolada vegetação alastra pelo espaço do outro lado do muro e onde a intervenção não é permitida por se tratar de propriedade privada. Subimos para um ponto mais elevado a fim de descobrir o que esconde o outro lado. A surpresa é imediata. Um claustro retangular ainda guarda uma antiga fonte ornamentada. Casas de apoio, fecham o recinto enquanto vão sendo engolidas pelo tempo. O espaço idílico está lá, só falta o bom senso de deixar que volte à vida


Informações úteis:
Morada: Lugar do Mosteiro, Mancelos, Amarante
GPS: 41° 16′ 29.61″ N / 8° 9′ 26.08″ O
Marcação de Visitas: rotadoromanico@valsousa.pt
Website: www.rotadoromanico.com

Mosteiro do Salvador de Freixo de Baixo

Água. Ouve-se água a correr assim que se chega ao Mosteiro do Salvador de Freixo de Baixo. O local traz uma paz e tranquilidade apenas quebrada pela ocasional passagem de um carro. Deduzimos que em 1120, data antes da qual se acha que este edifício foi edificado, não houvesse esse tipo de problemas, apesar deste se localizar junto a um caminho onde, em pleno séc. XVIII ainda circulava grande parte do trânsito entre o Minho e Trás-os-Montes.

A fonte que existe onde era o antigo claustro leva-nos em redor de um monumento imponente, até chegarmos ao que resta da galilé.

A igreja destaca-se pela diferenciação de volumes dos seus corpos, mas da época românica pouco mais resta do que a fachada principal e os alicerces do lado sul da galilé fronteira que define um átrio quadrangular.

O portal de três arquivoltas assenta em colunas cujos capitéis são decorados com motivos fitomórficos e vegetalistas. O arco envolvente é ornamentado com círculos encadeados. Do lado direito, a torre sineira eleva-se em direção ao céu. Ainda é possível ver a marca que a corda do sino fez ao ser puxada ao longo dos séculos.

No interior só se vê granito e um pequeno púlpito do lado direito. Mas ao seu lado é possível ver uma pintura a fresco. Trata-se de uma cena da Epifania do Senhor, obra atribuída à oficina liderada pelo Mestre de 1510, também responsável por pinturas em São Mamede de Vila Verde (Felgueiras) e em São Nicolau de Canaveses (Marco de Canaveses).

Antes de seguirmos viagem passamos pela capela-mor onde resta um retábulo em talha do estilo barroco nacional. Percebe-se que esta igreja sofreu uma profunda intervenção entre 1941 e 1958 de modo a devolver a Freixo de Baixo aquilo que se considerava ser o seu “estilo primitivo”.


Informações úteis:
Morada: Rua do Mosteiro, Freixo de Baixo, Amarante
GPS: 41° 17′ 57.01″ N / 8° 7′ 20.18″ O
Marcação de Visitas: rotadoromanico@valsousa.pt
Website: www.rotadoromanico.com

Igreja de Santo André de Telões

A Igreja de Santo André de Telões está rodeada pelo casario da pequena localidade. É um edifício imponente onde se destaca o campanário, com três sinos, no topo da nártex. Por detrás dele uma rosácea de seis pontas tem a companhia de um relógio contemporâneo.

O edifício, provavelmente edificado no final do séc. XII ou no princípio do séc. XIII, tem várias cicatrizes visíveis fruto das intervenções e remodelações feitas ao longo dos anos. Portas e frestas que foram fechadas, janelões que foram abertos… Os contrafortes permanecem, para sustentar a abóbada da capela-mor. O portal principal apresenta arquivoltas sem decoração e um tímpano liso sustentado por mísulas estriadas o que denota uma arquitetura de resistência.

Profundamente transformada, é na cabeceira que se conservam os principais vestígios da época românica. No arco triunfal as bases bolbiformes são evoluídas, as impostas têm um aspeto tardio e os robustos capitéis mostram temas vegetalistas

A igreja está ricamente ornamentada com vários altares de estilo moderno. Destaca-se a pintura mural representando a Natividade sobre uma camada anterior, obra que pode ser atribuída à oficina identificada como a do Mestre Delirante de Guimarães, devido às torções de cabaça e a gestualidade que enfatizam o movimento. Digno de nota é, igualmente uma Última Ceia representada em baixo relevo datado do séc. XVIII. É um trabalho magnífico que aparenta ser um desafio aos profissionais de restauro. Esperamos que continue entre nós por muito tempo.


Informações úteis:
Morada: Largo do Mosteiro, Telões, Amarante
GPS: 41° 18′ 36.54″ N / 8° 6′ 28.73″ O
Marcação de Visitas: rotadoromanico@valsousa.pt
Website: www.rotadoromanico.com

Igreja de São João Baptista de Gatão

Gatão foi uma grande oportunidade para testemunhar, ao vivo, o importante trabalho que a Rota do Românico faz para que os monumentos ganhem o esplendor de outrora e na sua integração com a comunidade.

Até há poucos anos cortada pela romântica via-férrea da Livração (Marco de Canaveses) a Arco de Baúlhe (Cabeceiras de Basto), hoje tem uma ecopista que atravessa paisagens deslumbrantes.

Quando chegámos estavam a decorrer obras de recuperação no exterior desta igreja edificada durante os séculos XIII-XIV.

Característica tipicamente românica é a cornija sobre arquinhos apoiada em cachorros lisos, influência da Sé de Coimbra.

Ao entrarmos soou-nos aos ouvidos música que nos pareceu ser barroca tocada ao Cravo. Na parede do arco cruzeiro, um artista procedia ao trabalho de recuperação de um fresco representando o Martírio de São Sebastião pela sagitação. Deixámo-nos ficar por uns momentos a observar a perícia e a forma paciente como o trabalho era feito. Do lado esquerdo é percetível o fresco da Coroação da Virgem e no topo uma representação do Calvário.

O arco cruzeiro é composto por duas arquivoltas quebradas mas facetadas e lisas e é envolto por um friso enxaquetado. A arquivolta interior apoia-se sobre duas colunas, cujo fuste baixo e grosso ostenta dois imponentes capitéis de motivos vegetalistas e enrolamentos.

Na capela-mor ainda subsistem duas representações em bom estado: no lado do Evangelho, Cristo transporta a cruz e, do lado oposto, Santo António de Lisboa.

Na parede fundeira permanece uma fresta que ilumina todo o espaço. Viramos-lhe costas e saímos rumo ao próximo monumento, não sem antes fazer uma visita ao túmulo do grande escritor português Teixeira de Pascoaes, que repousa no cemitério em frente.


Informações úteis:
Morada: Largo da Igreja, Gatão, Amarante
GPS: 41° 17′ 48.95″ N / 8° 3′ 47.28″ O
Marcação de Visitas: rotadoromanico@valsousa.pt
Website: www.rotadoromanico.com

Castelo de Arnoia

Eis-nos no único castelo pertencente à Rota do Românico. Se bem que é preciso olho de lince para o descobrir através da floresta que o antecede. Foi preciso estar quase debaixo da sua sombra para o descortinarmos.

Paramos, primeiro, junto do Centro Interpretativo do Castelo de Arnoia, para uma visita e explicação prévia dos vários aspetos distintivos deste monumento.

O caminho até às muralhas é feito a pé, através da povoação do Castelo, considerada Aldeia de Portugal. Conhecida em tempos idos como “Villa de Basto”, foi cabeça de concelho até 1717. Chegou, inclusive, a ter um pelourinho, botica e casa de audiência a seguir à qual cortamos à direita para iniciar a subida.

Com o casario aos nossos pés, entramos para o pátio de forma triangular. Quatro elementos concorrem para enquadrar este castelo na arquitetura militar românica: a torre de menagem (trazida pela ordem do Templo); o torreão quadrangular; existência de uma única porta e a cisterna subterrânea no pátio amuralhado para, caso seja necessário, subsistir a longos períodos de cerco.

Construído no alto de um cabeço montanhoso, o Castelo de Arnoia tem um largo campo de visão de onde se pode contemplar as serras do Marão e Alvão, a nascente, e as serras da Cabreira e Lameira, a norte e a poente. Fácil de identificar é o monte Farinha, mais conhecido por Senhora da Graça, já no concelho de Mondim de Basto.


Informações úteis:
Morada: Lugar do Castelo, Arnoia, Celorico de Basto
GPS: 41° 21′ 48.73″ N / 8° 3′ 7.19″ O
Marcação de Visitas: rotadoromanico@valsousa.pt
Website: www.rotadoromanico.com

Igreja de Santa Maria de Veade

Desta vez começamos a visita pelo interior. Num piso superior são guardados objetos que mostram as transformações que esta igreja já sofreu. Sendo que a mais drástica (e, se calhar, menos óbvia) é a de que está virada ao contrário. Para dizer a verdade, está orientada de maneira oposta a todas as outras. A reconstrução de 1732 obrigou a uma reorientação da igreja, tendo-se acrescentado uma nova cabeceira, agora colocada a oeste e de dimensões maiores. Está edificada ao contrário do que é a regra na arquitetura canónica.

Por dentro pouco restou do estilo românico. Todo o espaço foi alterado para receber os vários altares laterais e colaterais.

O retábulo-mor põe à vista todo o esplendor do barroco nacional ou joanino. Aqui, o trono eucarístico é semicoberto por uma abóbada e por uma sanefa onde pendem dois cortinados segurados por anjos.

Em toda a extensão da nave estende-se um rodapé de azulejo azul-cobalto sobre fundo branco.

Este templo tem origem num pequeno eremitério fundado em propriedade particular que no séc. XIII se vinculou à estirpe dos Guedões. Antes de 1258 o cónego Gomes Alvites acabou por vender a igreja e todos os seus casais à ordem do Hospital.

No exterior o portal principal, pertence já à época barroca. O portal norte encontra-se numa posição curiosa, hoje quase a meio da fachada devido ao rebaixamento do pavimento.

No portal sul, destaca-se o par de sereias de duplas caudas que ornam as primeiras aduelas de cada uma das suas arquivoltas.

O espaço envolvente é bastante agradável, contudo, dentro de alguns anos, a Igreja de Santa Maria de Veade pode ter uma albufeira mesmo a seus pés. Com a construção de uma nova barragem no rio Tâmega (caso a construção se concretize) os campos do lado sul serão alagados, transformando radicalmente a paisagem envolvente.


Informações úteis:
Morada: Lugar da Igreja, Veade, Celorico de Basto
GPS: 41° 24′ 52.80″ N / 7° 58′ 41.73″ O
Marcação de Visitas: rotadoromanico@valsousa.pt
Website: www.rotadoromanico.com

Igreja do Salvador de Ribas

A arquitetura da Igreja do Salvador de Ribas está ainda bastante bem preservada no exterior apesar de ter sido acrescentada uma torre sineira na segunda metade do séc XVIII.

Os paramentos não ostentam marcas que nos indiquem interrupções ou alterações ao projeto primitivo e há uma grande coerência ao nível da decoração. Parece que foi construída de uma só vez.

Aqui impera a pérola relevada. Surge nas duas arquivoltas do portal principal e a decorar a larga fresta que o encima, nas cornijas da empena da fachada principal, na do arco triunfal e na parede fundeira da cabeceira, assim como ao longo das cornijas laterais da nave e abside.

Por dentro, as paredes cinzentas, interrompidas por pequenas frestas, dão espaço a altares laterais e à presença de imagens de santos. Na nave destaca-se, igualmente, a cor escura do teto.

Na capela-mor, a talha dourada prevalece, sendo que, na parede fundeira da abside, por detrás do retábulo-mor, foi identificada uma importante campanha de pintura mural onde se faz representar o orago da igreja.

Voltamos ao exterior para deambular pelo bem cuidado jardim e recuperar energias para o final desta segunda vinda à Rota do Românico.


Informações úteis:
Morada: Lugar da Igreja, Ribas, Celorico de Basto
GPS: 41° 27′ 17.26″ N / 8° 1′ 2.44″ O
Marcação de Visitas: rotadoromanico@valsousa.pt
Website: www.rotadoromanico.com

Igreja do Salvador de Fervença

Terminamos a nossa segunda viagem pelos caminhos da Rota do Românico, desta vez, ao longo do vale do Tâmega, com uma surpresa.

Aparentemente, esta igreja não tem qualquer ligação com o estilo românico. Parece, toda bastante mais recente. Ao dar a volta, notamos a presença de uma pequena fileira de cachorros esculturados que sustentam cornijas, mas apenas na capela-mor. Olhamos com desconfiança para o nosso guia que se limita a sorrir enquanto nos encaminha pela porta principal.

Quando entramos não conseguimos evitar a exclamação coletiva. Lá está, ao fundo da nave, a razão para a Igreja do Salvador de Fervença pertencer à Rota. A capela-mor, certamente edificada no segundo quartel do séc. XIII, ostenta o granito usado habitualmente nesta zona do país. O arco triunfal é sustentado por colunas cujos capitéis apresentam motivos vegetalistas e fitomórficos, tudo arrematado com palmetas bracarenses nas impostas.

A nave resulta de uma intervenção contemporânea, realizada na década de 1970. As paredes caiadas de branco ajudam a criar maior contraste com a capela românica. O arco triunfal é encimado por uma composição azujelar relativa à Ascensão de Cristo. Destacamos ainda uma tipologia característica do séc. XVII, o azulejo tipo tapete que forma o rodapé em toda a nave.

A Igreja do Salvador de Fervença pode causar estranheza ao início, mas é uma ótima forma de nos despedirmos da Rota do Românico com um até breve.


Informações úteis:
Morada: Rua de Fervença, Fervença, Celorico de Basto
GPS: 41° 21′ 27.73″ N / 8° 5′ 17.65″ O
Marcação de Visitas: rotadoromanico@valsousa.pt
Website: www.rotadoromanico.com