Reza a lenda, que marinheiros portugueses regressaram do Golfo da Gasconha e trouxeram com eles lenha e pinhas dessa Região. Intrigados pelos altos pinheiros que se davam em areia, guardaram com eles as sementes das pinhas que mostraram a chegada à Rainha D. Isabel.
A Rainha foi então até às areias do Moel e semeou ao vento o penisco. Passado alguns meses pequenas árvores começaram a brotar e a Rainha entusiasmada mostrou ao Rei o resultado do seu labor.
O rei D. Dinis vendo o potencial desses futuros pinheiros para os seus projectos de construção naval, mandou os marinheiros que nas suas próximas viagens trouxessem mais sementes daquelas.
E assim, diz-se que, começou a sementeira organizada do Pinhal do Rei, que chegou até nós, passados todos estes séculos.
A Rainha Santa Isabel
no arenal bravo de Moel
meteu a mão no regaço,
deitou sementes ao espaço.
– Ó Pinhal do Rei, do Rei meu marido,
Andará nos mares teu corpo florido!
A Rainha Santa Isabel
no areal bravo de Moel
tirou do regaço divino
as sementes do verde pino.
– Ó Pinhal do Rei, do Rei meu senhor,
é Deus quem te sagra por navegador!
Meteu a mão no regaço,
deitou sementes ao espaço,
no areal bravo de Moel
a Rainha Santa Isabel.
– Ó Pinhal do Rei, do Rei meu marido,
dará volta ao mundo teu corpo florido!
Tirou do regaço divino
as sementes do verde pino
no areal bravo de Moel
a Rainha Santa Isabel.
– Ó Pinhal do Rei, do Rei meu senhor,
tu serás nos mares o Navegador.
Afonso Lopes Vieira in “Onde a terra se acaba e o mar começa”, 1940