Possivelmente terá ouvido falar de D. Sesnando Davides durante as aulas de história na escola…ou talvez não! Porém esta personagem, meio esquecida, teve um papel fundamental para o desenho do que é hoje Portugal. Quem era então D. Sesnando Davides e qual foi a sua influência na história da Região de Coimbra durante a Idade Média.
Acredita-se que Sesnando Davides nasceu em Tentúgal (perto de Coimbra). Por volta de 1040 e aproveitando-se de conflitos entres os cristãos do Norte, as elites Mouras alargaram a sua área de influência e atacaram, pilharam e roubaram, bens e pessoas, nas zonas com vazio de poder como era o caso de Coimbra naquela época. Foi então que se pensa que Sesnando foi “raptado” e levado para Sevilha para a corte de al-Mutadid. Lá terá recebido educação, sabe-se que era letrado, e foi pouco a pouco ganhando o respeito das elites sevilhanas. Chegou assim ao cargo de vizir ou alvazil, título que usou o resto da sua vida. Em 1060, e por motivos hoje pouco claros abandona Sevilha e junta-se a Fernando o Mago ajudando-o na conquista cristã da região de entre Vouga e o Mondego, obtendo assim um lugar entre o Conselho de Fernando I de Leão e Castela, mas também de Afonso VI.
Em 1064, convence Fernando Mago a Conquistar Coimbra. Após um cerco de seis meses, saem vitoriosos e o monarca nomeia Sesnando Governador da cidade de Coimbra, mas igualmente, de um extenso território delimitado a Norte pelo rio Douro e a sul pela fronteira sarracena; a leste por Viseu e Lamego, a oeste pelo mar. Nesse território usou dos seus poderes para repovoar, administrar e defender mandando construir fortalezas e igrejas.
Mandou edificar ou reconstruir vários castelos, como o Montemor-o-Velho e de Santa Eulália que protegiam Coimbra, o de Soure que reforçava o flanco Sul e o Castelo de Penela e Arouce (Lousã) que vigiavam a estrada que vinha de Tomar. Esta linha defensiva era complementada com torres atalaias, caso das do Alvorge, Ateanha, Bera, Vale de Todos e provavelmente Santiago da Guarda.
Casou com D. Loba Nunes, filha única de D. Nuno Mendes, o último conde portucalense, com quem teve, pelo menos, uma filha de seu nome Elvira Sesnandes.
Governou assim a região de Coimbra durante cerca de 30 anos. Dadas as suas origens moçárabes e o seu profundo conhecimento das culturas islâmica e cristã, conseguiu manter a paz e conciliação entre esses dois povos podendo estes manter os seus ritos e tradições. Foi igualmente uma época de crescimento e prosperidade dessa região, graças, nomeadamente à sua capacidade de liderança.
Faleceu a 26 ou 28 de Agosto de 1091. O seu túmulo pode ser visitado nos claustros da Sé Velha de Coimbra.
Fontes:
Botelho Barata Isaac, Francisco (2013) “SESNANDO DAVIDES – Alvazil, Cônsul, Estratega e Moçárabe” Dissertação do Mestrado em História, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa